“A menina tem aqui coisas maravilhosas”, diz um homem à entrada da loja, questionando-se sobre se serão demasiado caras. Filipa Alves, responsável pela Flórida, que acaba de mudar de instalações sem sair da Avenida da Boavista, responde que tem peças para todas as bolsas: a mais acessível há de ser uma argola de guardanapo, por 2 euros, a mais cara um móvel que custa 900 euros, e pelo meio existe uma grande variedade de opções. Flores, plantas, têxteis, cerâmica, cestaria, mobiliário, utensílios para a casa, moda e decoração compõem a oferta. São sobretudo produtos portugueses feitos à mão, a que se juntam outros vindos de fora. Muitos deles novos em folha, e uma parte de outras décadas.
Prolongar a vida de artigos vintage ainda em bom estado – como objetos decorativos, roupa e acessórios – é missão que Filipa abraça com prazer há longo tempo. E isso reflete-se na Flórida, que abriu como loja temporária há praticamente um ano, mas foi ficando e está para durar. Tanto que, desde outubro, conta com um novo espaço, perto da Casa da Música, com cerca de 200 metros quadrados (quase o dobro do anterior). A essência do projeto, essa mantém-se: continua a servir de montra para criações de artistas e artesãos nacionais, investindo também em colaborações e produtos com selo próprio. É o caso das almofadas em linho antigo tingido à mão, de forma natural, com recurso a plantas; ou dos botins de cores menos usuais, feitos com peles reaproveitadas.
Filipa Alves entende aquele espaço como estando em construção, até porque gosta de lhe ir acrescentando novidades. À entrada, surgem plantas, kits para bem cuidar delas, vasos, candeeiros em cerâmica de autor. Há diversos produtos para a casa, mas também jóias e cosméticos, sem esquecer os arranjos e ramos de flores originais, com possibilidade de entrega gratuita no Porto – um serviço que surgiu com a pandemia. A diferença, agora, é que os arranjos de flores secas podem ser feitos na hora, in loco, enquanto os de flores frescas só estão disponíveis por encomenda.
Nota-se cuidado e sensibilidade na escolha das peças, que encerram histórias reais e até imaginadas, no caso das de segunda mão (que outras vidas terão tido?). Se nos demoramos a apreciar determinado objeto pela estética, não raro surge Filipa a contar mais sobre a sua função, nem sempre óbvia, ou o contexto em que foi produzida, introduzindo um novo olhar sobre ela. É uma das vantagens de percorrer ao vivo um espaço que também tem existência virtual.
Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.