A Casa do Alentejo, em Lisboa, reabriu com visitas guiadas e brunch

Uma das salas do restaurante alentejano da Casa do Alentejo. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI).
A Casa do Alentejo, cujas paredes guardam séculos de história, reabre as portas ao público este sábado, para o retomar das visitas guiadas com brunch alentejano.

Sobre a Casa do Alentejo já muito se escreveu, mas não deixa de ser surpreendente, e necessário, conhecer mais a fundo a história deste espaço cultural fundado em 1923 como Grémio Alentejano. É isso que propõe Mário Gomes, cofundador da Storic, uma empresa que organiza visitas guiadas com escolas e público em geral. A iniciativa, que começara em janeiro, foi suspensa por causa do confinamento e é retomada a partir deste sábado, 17, com sessões às 10h, 11h e 12h, com brunch alentejano incluído.

O ponto de encontro é no impressionante pátio principal, pedra de toque do estilo revivalista que lhe conferiu arcos, janelas e plantas tropicais próprios de um qualquer destino do Norte de África, e que inspiram muitas fotografias. Em jeito de curiosidade e com alguma piada, o guia explica que muitos estrangeiros, ao olhar para o ambiente, assumem que as casas do Alentejo são assim – neoárabes -, mas logo explica que o que se vê foi herança das modificações introduzidas pelo Casino Majestic (talvez o primeiro de Lisboa), que abriu ali em 1918, no então Palácio Alverca, construído no século XVII.

A partir daí, sobe-se uma bonita escadaria que leva aos salões do piso superior. Dois deles estão ocupados pelo restaurante da Casa do Alentejo: um tem painéis de azulejos da autoria de Jorge Colaço, do século XX, a retratar cenas rurais do povo como fainas e caçadas; o outro tem paredes forradas com azulejos azuis e brancos, do século XVII, retirados do antigo palácio. O maior e mais impactante é, porventura, o salão de baile, repleto de lustres e paredes forradas a espelhos e estuques dourados, e que já acolheu todo o tipo de eventos (até um concerto de rock).

Percorrer os salões e dependências deste edifício – encaixado entre dois troços da muralha fernandina, que o mantém húmido no inverno e abafado no verão – é ouvir ranger as tábuas de madeira a cada passo e deter o olhar em pormenores reveladores de um passado grandioso. Disso mesmo dão conta os símbolos de cartas de jogar nos papéis de parede dos corredores, vestígios do casino e testemunhos ainda do clube masculino Le Monumental, que se instalou ali a partir de 1920 e era frequentado por uma elite de “refugiados” ricos europeus adeptos do jogo e de outros vícios.

Fundada em 1923 por alentejanos “desenraizados” por terem que migrar para a capital em busca de melhores condições de vida, a então Associação Regionalista Grémio Alentejano passou a chamar-se Casa do Alentejo. Hoje, com 1500 sócios, mantém-se como “a embaixada do Alentejo” na capital, ponto de convívio e eventos abertos à comunidade. Através das visitas guiadas, o espaço pretende dar-se a conhecer melhor aos portugueses (para que haja maior consciência da importância de o preservar), enquanto o turismo estrangeiro não desagua, de novo em força, na Rua das Portas de Santo Antão.

 

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