Largo do Carmo e Rua do Carmo
Chiado
É um dos locais-chave da capital quando o tema é a Revolução de Abril. Foi no Convento do Carmo, mais concretamente na zona ocupada pelo quartel da GNR, que Marcello Caetano se refugiou durante 48 horas, até se render perante a revolução em força na rua, a 25 de Abril. O Largo do Carmo, no Chiado, foi assim o palco onde se concentraram os militares do Movimento das Forças Armadas, liderados por Salgueiro Maia, e centenas de populares, que assistiram na primeira fila à queda do regime salazarista. O largo é hoje um local mais tranquilo, com esplanadas à sombra para comer e beber – das quais se aprecia a traça pombalina em redor – e é também um habitual ponto de encontro junto ao seu chafariz, a meio da praça, reconstruído depois do terramoto de 1755.
A escassos passos daqui, importa ainda percorrer a Rua do Carmo, com comércio de rua a preencher cada um dos seus lados, e um significado especial nesta data. Celeste Martins Caeiro voltava para casa quando soube que o restaurante em que trabalhava não abriria neste dia. Na mão levava alguns cravos vermelhos, que iriam decorar o restaurante em dia de aniversário. Quando um soldado lhe pede um cigarro, na Rua do Carmo, diz que não tem. Em vez disso, oferece-lhe um cravo, tornando-se este momento num dos símbolos da Revolução e da democracia.
Onde comer
Ali ao lado, o concorrido pan-asiático Boa-Bao está de portas reabertas com os sabores de Laos, Indonésia ou Tailândia, entre sopas, caris, baos e salteados. Ao fim de semana, serve-se brunch. Não há reservas.
Onde dormir
A poucos metros encontra-se o The Art Gate, híbrido que junta galeria de arte, restaurante e quartos espaçosos, com tetos trabalhados, mármores elegantes e janelas altas. A garantia de noites tranquilas no coração da cidade.
O que visitar
O Museu Arqueológico do Carmo, um dos primeiros museus nacionais de arte, voltou a abrir portas. Oportunidade para (re)ver a exposição com peças que remontam à pré-História, e passar pelas Ruínas, símbolo gótico da capital a céu aberto.
Longitude : -8.2245
Longitude : -9.141786599999932
Longitude : -8.426178700000037
Igreja São João de Brito
Alvalade
Na madrugada do dia 25, pelas 00h21, “Grândola, Vila Morena” era tocada no programa de autor “Limite”, da Rádio Renascença, tornando-se numa das senhas da revolução – a primeira tinha sido, duas horas antes, “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho – e desencadeando o avanço do Movimento das Forças Armadas. O intemporal tema de Zeca Afonso fez-se tocar nos estúdios da estação de rádio, na altura situados na Rua Ivens, no Chiado, mas os bastidores desta parte fulcral da revolução tiveram lugar no bairro de Alvalade, mais concretamente na Igreja de São João de Brito, na Avenida da Igreja, conhecida pela sua fachada incomum, com formas de losango. Foi nesta igreja, na tarde de dia 24, que Carlos Albino e Manuel Tomás, jornalista e técnico da Renascença, se ajoelharam e fingiram estar a rezar, como disfarce para combinar em segredo e em segurança os pormenores da transmissão da senha nessa noite.
Onde comer
Reaberto com nova esplanada pronta a estrear, o Soão – Taberna Asiática é morada obrigatória para comer em Alvalade. Na carta do chef Luís Cardoso estão clássicos como pad thai, as sopas tom yum, caris verde e vermelho e combinados de sushi e sashimi.
Onde comprar
Conservas, vinhos, chás, queijos, azeites e chocolates: cabe um pouco de tudo na nova mercearia de Alvalade. Na Dois Dedos de Conversa há produtos de Trás-os-Montes ao Alentejo e Açores.
Longitude : -9.14453960000003
Longitude : -8.2245
Rua do Arsenal
Baixa
Entre as 07h e as 10h30 da manhã do dia 25, foi nesta artéria da Baixa pombalina que decorreram confrontos entre forças revoltosas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém e forças fiéis do regime do Estado Novo, do Regimento de Cavalaria 7. O conflito ficou marcado pela atuação do tenente Alfredo Assunção, que tentou negociar com os opositores com serenidade, mesmo tendo sido agredido por um oficial do regime. A artéria que liga o Cais do Sodré à Praça do Comércio alberga hoje gelados, hotéis cinco estrelas, mercearias e conservas, mas já foi um dos epicentros da venda de bacalhau na capital, chegando a ter oito casas focadas no fiél amigo. Hoje, restam duas.
Onde dormir
O cinco estrelas Corpo Santo Hotel chegou há quatro anos, unindo tradição e modernismo pelos 79 quartos e três pisos. Os Descobrimentos e a portugalidade servem de inspiração à decoração e aos pormenores.
Onde comprar
A casa de Fernando Dias, também conhecido como o Rei do Bacalhau, já soma seis décadas, sempre com público fidelizado, antes e pós-pandemia. Às variedades de bacalhau juntam-se enchidos, leguminosas a granel, queijos e conservas.
Longitude : -9.15136480000001
Longitude : -9.142686000000026
Monumento de Evocação ao 25 de Abril
Parque Eduardo VII
Pesa 90 toneladas, compõe-se de um obelisco de seis metros de altura, de forma fálica (o que levou a várias críticas), e duas colunas em mármore branco, para simbolizar a força viril da revolução. Foi para assinalar os 25 anos da data que este monumento assentou arraiais no topo do Parque Eduardo VII, junto ao Jardim Amália Rodrigues, pelas mãos de João Cutileiro. O lago artificial à sua volta e a vista panorâmica sobre Lisboa apelam a um passeio por aqui.
Onde comer
Ali mesmo ao lado, está a cozinha de autor de Joachim Koerper, que levou uma estrela Michelin ao Eleven. Peixe do dia com feijão branco e trufa preta e magret de pato com endívia, maçã e molho de laranja são pratos dos dois menus, que podem ser recolhidos à porta e levados para casa.
Longitude : -9.158844000000045
Rua de São Bento
São Bento
Um passeio ao sabor da liberdade tem que passar pela casa que simboliza a democracia, remontando ao verão de 1976, altura em que os primeiros 221 deputados, democraticamente eleitos pelo povo português, se sentaram pela primeira vez nas cadeiras da Assembleia da República. Política à parte, a extensa Rua de São Bento oferece outras atrações para uma caminhada tranquila: de lojas de artesanato e decoração a mercearias, geladarias e casas de arte.
O que visitar
A galeria Sokyo Lisbon acaba de estrear uma nova exposição coletiva, a Japanese Blue, onde seis artistas contemporâneos nipónicos apresentam trabalhos onde exploram o azul, cor representativa da cerâmica japonesa.