O doce licor de laranja está de volta a Setúbal

Um setubalense decidiu recuperar mais um produto típico da zona feito com as (antigas) laranjas de Setúbal: o licor de laranja, que marca “o renascer de uma tradição”. O novo produto vai ser apresentado na Casa da Baía, na próxima quinta-feira, às 19h00.

O licor de laranja de Setúbal, que entre o século XVIII e o século XX foi muito apreciado em toda a região, está de volta ao mercado por iniciativa de André Lopes, um setubalense licenciado em História que sempre se interessou pelo passado da cidade. O produto vai ser apresentado oficialmente na Casa da Baía, dia 7 de dezembro, às 19h00, mas quem quiser prová-lo antes pode fazê-lo no stand montado no Mercado de Natal da Baixa, na Praça de Bocage até dia 24 de dezembro, das 10h00 às 19h00.

O «novo» Licor de Laranja de Setúbal, cujas laranjas foram apanhadas numa quinta em Algeruz – um dos últimos redutos dos laranjais sadinos -, «faz-se com a casca da laranja, que fica em destilação na aguardente durante alguns meses e é misturada com água e açúcar» para respeitar a taxa de álcool dos licores. A produção, por enquanto limitada a 10 mil garrafas anuais, é assegurada por uma empresa de bebidas espirituosas de Silves, no Algarve. «Se o negócio correr bem, planeamos transferi-la para Setúbal. É um investimento grande», revela o funcionário público de 32 anos.

A ideia de relançar a produção desta bebida surgiu há dois anos, conta André Lopes, no âmbito das investigações que fez sobre o passado da cidade e algumas das suas bebidas tradicionais. «Este licor surgiu entre o século XVII e XIX, foi vendido aqui, e não só, até ao século XX e a certa altura desapareceu». Na verdade, esta bebida foi um dos muitos produtos que se fizeram inspirados nas laranjas de Setúbal, muito procuradas por serem sumarentas.

Setúbal chegou a estar rodeada de laranjais – que no século XVI já eram um motor de exportações para vários mercados – mas o aperfeiçoamento da produção à escala internacional e a falta de capacidade dos produtores locais para acompanharem essa evolução ditaram um declínio da produção de laranja e o inevitável abandono dos pomares. A produção de laranja acabou por ser transferida para o Algarve.

«As pessoas mais velhas ainda se recordam do licor de laranja e do antigo rótulo, que chama muito a atenção com a Praça de Bocage representada e que nós também atualizámos», partilha André Lopes atrás do balcão do pequeno stand. «Quem não se lembra, gosta do sabor e acaba por levar uma garrafa» (custa 14,50 euros). Pode provar-se num pequeno copo (1 euro) e em copo de chocolate (1,50 euros).

O Licor de Laranja de Setúbal vai ser apresentado na Casa da Baía, dia 7 de dezembro, às 19h00, onde estará também à venda, assim como na loja Coisas de Setúbal, nos Paços do Concelho, e na Mercearia Confiança do Troino, no Largo da Fonte Nova.

 

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