Vila Verde: a cerveja, os chocolates e o amor em bordados

No coração do Minho, os lenços de namorados ainda arrancam suspiros e celebra-se «Fevereiro, Mês do Romance». Na conquista, contam as especialidades regionais, como pica no chão, mas também os chocolates, cervejas e gins artesanais. E o Cávado, sempre a dar-nos a mão.

Em Vila Verde, fevereiro é mesmo o «Mês do Romance»: o município tem a decorrer uma programação, com mais de 100 iniciativas, que se estende muito para lá do Dia dos Namorados. E este concelho junto a Braga bem merece o título de terra de romance, desde logo pelos tradicionais lenços de namorados, que se encontram em todo o Minho e até fora dele, mas aqui assumem especial destaque.

Júlia Fernandes, vereadora da Câmara Municipal com os pelouros da Cultura e do Turismo, explica que, em fins do século XVIII, as moças casadoiras bordavam o seu lenço com escritos de amor, corações, pombas, chaves e outros símbolos (e com erros ortográficos que refletiam a oralidade, como «aqui tens meu curação e a chabe pró abrir»). Aproveitavam as romarias para fazer chegar o lenço de linho ao amado. Se o levasse para casa, na camisa, era sinal de que gostava dela; caso contrário, devolvia o lenço; tal como acontecia quando uma relação terminava.

A partir do século XX, os lenços de namorados foram caindo no esquecimento, até que um grupo de mulheres promoveu uma recolha junto da população, e «as pessoas começaram a perceber que não é só um paninho bordado; é um tesouro».

Lenço de namorados de Vila Verde.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

Há 30 anos, nasceu a cooperativa Aliança Artesanal, instalada no Centro de Dinamização Artesanal, onde se encontra lenços expostos, dos anos 1940 e mais antigos, e bordadeiras a trabalhar. Lenços e muitos outros produtos neles inspirados estão à venda mesmo ao lado, no Espaço Namorar Portugal, da marca homónima, criada pelo município. Há cerâmica, calçado e até caixas para o anel de noivado.

A herança cultural é um dos motivos que fazem de Vila Verde um concelho atrativo do ponto de vista turístico, defende Júlia Fernandes. Assim como o património edificado, a natureza, os rios, a comida e «a forma acolhedora como o povo recebe».

E basta entrar n’ A Sevilhana, na mesma avenida, para confirmar que a boa mesa é uma das riquezas locais. Este restaurante de especialidades argentinas aberto por portugueses que se conheceram quando trabalhavam em Caracas, na Venezuela, abriu em 1991, tendo por base os saberes e as influências adquiridos lá, sobretudo quanto ao modo de confeção das carnes grelhadas no carvão.

Lombo texano d’ A Sevilhana.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

O lombo texano, cortado e grelhado junto à mesa, e a parrilha argentina, um misto de carnes que inclui bife, frango, morcela e mais, são especialidades da casa, que tem por detrás António Alves, Fernando Alves e Rosa Perestrelo. Quem apreciar um certo efeito visual tem, como sobremesa, o gelado em fogo, que é flamejado na mesa.

Chocolate com cerveja

Gulodices não faltam por estes lados, e prova disso é a Chocolate com pimenta, de Pedro Sousa, que foi pasteleiro durante 18 anos e há quatro abriu esta chocolataria artesanal, com as suas receitas de chocolates e bombons de sabores tão diversos como espumante e frutos vermelhos, azeite, mirtilo, maracujá ou frutos secos e mel, sendo que os bombons com creme de queijo da serra com chocolate negro belga são dos mais vendidos. Para ver como se fazem há showcookings seguidos de degustação, e nem falta uma cerveja preta com chocolate desenvolvida em parceria com os vizinhos do lado.

Isto porque poucos passos separam aquela montra de chocolate da Letraria – Brewpub, o bar e restaurante da Letra – Cerveja Artesanal Minhota, que tem o espaço de produção no mesmo edifício. Também aqui se pode conhecer o processo de fabrico pelo método artesanal e, claro, degustar as mais de 50 cervejas da Letra, algumas mais exclusivas, como as da gama Letra on Oak, envelhecidas em barricas de carvalho reutilizadas de vinho do porto ou moscatel.

Na Letraria – Brewpub há mais de 50 cervejas da Letra para degustar, algumas mais exclusivas, como as da gama Letra on Oak, envelhecidas em barricas de carvalho reutilizadas de vinho do porto ou moscatel.

Outra gama é a Letra Craft Trials, que abrange cervejas ou bebidas destiladas mais experimentais, como o Hoppy Gin, apresentado como o primeiro gin de cerveja da Península Ibérica, e produzido numa antiga escola, convertida em destilaria.

Na Letraria – Brewpub experimenta-se mais de 50 cervejas diferentes, com petiscos a acompanhar.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

Na Letraria nem faltam petiscos e snacks para harmonizar com as cervejas desenvolvidas pela empresa, uma spin-off da Universidade do Minho nascida por iniciativa dos investigadores Filipe Macieira e Francisco Pereira.

Os bons ares (e sabores) do campo

A primeira coisa em que se repara, à entrada da Quinta Dom José, é na data inscrita por cima da porta: 1889. Mas esta construção, onde eram postos a secar o milho e o feijão, estava unida a outra mais antiga, cuja data se desconhece, explica o proprietário, José Macedo, enquanto mostra a casa de turismo rural com brasão do século XVIII. Parte da propriedade, com mais de 10 mil metros quadrados, remonta ao reinado de D. José, explica.

A casa, preparada para receber casais e grupos, tem sete quartos e um apartamento. Garantia de um bom despertar é o pequeno-almoço preparado por Ana Gracinda Almeida, mulher de José, que inclui bolo, bolachas e compotas feitos por ela.

Os exteriores, com espaços para caminhadas, jogos e descanso, são uma mais-valia da Quinta Dom José.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

Lá fora, há piscina, bicicletas, campo de ténis, brinquedos, árvores de fruto, espaço para jogos e caminhadas. Um dos filhos do casal, José Macedo, como o pai, conta que muitos hóspedes vivem em apartamentos nas grandes cidades, sem contacto com a natureza. «Quando as crianças aqui chegam, não há quem as segure.» E, se quiserem fazer atividades no rio, o Cávado está perto.

Canoagem e uma ponte com 400 anos

Na praia fluvial do Faial, na vila de Prado, em certos dias de verão fica difícil ver relva, tantas são as toalhas e os guarda-sóis. Nos meses frios, o cenário nada perde em beleza. O Cávado mostra-se tranquilo e avista-se, na neblina matinal, a bonita ponte filipina de Prado, com mais de 400 anos, o único Monumento Nacional do concelho.

O Clube Náutico de Prado, que foi fundado em 1982 e tem como prática principal a canoagem, mostra que se pode continuar a desfrutar do rio. Por marcação, há aulas de canoagem e de stand up paddle e passeios em stand up paddle e em caiaques de turismo, conta o presidente, Horácio Lima. E no dia 2 tem lugar uma descida romântica do Cávado, inserida no «Mês do Romance».

Canoagem e stand-up paddle são duas formas de desfrutar do Cávado no inverno.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

Se em Vila Verde a paisagem ribeirinha é marcante, não menos o é a cozinha tradicional e regional, muito presente no Restaurante Torres. Quem vem de fora procura especialidades como cabrito assado ou pica no chão (cabidela de frango). De outubro a março, há papas de sarrabulho e cozido à portuguesa aos sábados, domingos e feriados, ou por encomenda; de janeiro a março é tempo de lampreia, e em fevereiro/março de sável, conta Fernando Torres. Nas bebidas, destacam-se os vinhos verdes da região.

No Restaurante Torres come-se especialidades regionais, como pica no chão (cabidela de frango), enquanto se aprecia fotografias de Alfredo Cunha alusivas a festividades e originalidades de Vila Verde.

A casa, com décadas de história familiar, também trabalha com caça: perdiz, coelho, javali. E, paralelamente, pratica uma cozinha contemporânea, traduzida, por exemplo, no crocante de requeijão com doce de abóbora.

Mais tradicional é o pudim abade de Priscos, cuja massa em cru vai ao forno, envolvida em massa folhada, dando origem a outra sobremesa: o travesseiro do abade. Saboreia-se tudo a apreciar fotografias de Alfredo Cunha relativas a festividades e originalidades de um concelho que, sem dúvida, apetece namorar.

 

Fevereiro, Mês do Romance

Em Vila Verde, celebra-se «Fevereiro, Mês do Romance» pela nona vez. A programação, que arrancou em janeiro e vai até 3 de março, tem como ponto alto a Gala Namorar Portugal, no dia 14 de fevereiro, mas abrange mais de 100 iniciativas, envolvendo centenas de parceiros, como escolas, IPSS ou restaurantes.

Há concertos, exposições, workshops, feiras, atividades desportivas, apresentações de novos produtos da marca Namorar Portugal, e espaço para todos – entre as propostas estão um desfile de moda sénior e uma tarde de dança inclusiva.

O gin do Gerês nasce numa antiga escola

A escola primária de Atiães, desativada por falta de alunos, virou destilaria de gin. É ali que o ex-militar Pedro Rodrigues produz, artesanalmente, o seu Valley Gin, com água e outros ingredientes do Gerês, pelo qual é apaixonado. A bebida é criada a partir de sete destilações individuais com nove botânicos: hipericão, cardamomo, alcaçuz, angélica, coentros, zimbro, hortelã-pimenta, limão e laranja de Amares, a sua terra.

O ex-militar Pedro Rodrigues transformou uma escola desativada, por falta de alunos, numa destilaria onde produz artesanalmente o seu Valley Gin, com água e outros ingredientes do Gerês.

Pedro fez 268 experiências, até atingir o gin que pretendia: fresco, floral, com notas cítricas, que agradasse mesmo a quem não bebe gin. Também faz outros gins, como o Hoppy Gin, derivado de uma cerveja que ali chega, da Letra – Cerveja Artesanal Minhota. Para ver como tudo se desenrola, basta marcar uma visita.

 

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