Um hostel que faz homenagem aos artistas de Amarante

Foi em tempos o único hotel da região, e as referências a ele remontam ao início do século XX. Este sempre nas mãos da mesma família e renasce agora como hostel, mas sem perder a história acumulada ao longo dos anos.

Francisca Fonseca e o marido, Roberto Feitosa, estavam a viajar de mochila às costas pelo interior do Brasil quando receberam um telefonema que lhes virou a vida de pernas para o ar. Do outro lado, da linha e do Atlântico, estava o pai de Francisca, com uma proposta tentadora: recuperar o velho hotel de família em Amarante. De produtores de festivais de música tornaram-se empreendedores da indústria hoteleira. Mas a mudança, admitem, não foi fácil, principalmente porque estavam habituados «a viver em cidades como Lisboa, Londres, Rio de Janeiro».

Os dois voltaram para Amarante e fizeram do antigo hotel um verdadeiro projeto de família, com um objetivo bem definido: prestar homenagem aos nomes da arte e da literatura que marcaram a cidade. Em julho, abriu, então, o Des Arts – Hostel & Suites, de frente voltada para o rio Tâmega.

O amor pela arte corre nas veias de Francisca e dos irmãos, Rita e Álvaro, também proprietários, não fossem eles sobrinhos-bisnetos de Teixeira de Pascoaes, o célebre poeta amarantino que tantos outros escritores e artistas atraiu à cidade. Ao todo, o hostel tem 48 camas, em suítes e camaratas, dispostas por cinco pisos, que ajudam a dar resposta à escassez de oferta hoteleira em Amarante e ao crescimento turístico da região, que hoje começa a «estar na moda outra vez», acreditam os herdeiros de Pascoaes.

Os quartos são quase todos batizados com os ilustres nomes, entre outros, de Amadeo de Souza-Cardoso, Sophia de Mello Breyner, Mário Cesariny e, claro, Teixeira de Pascoaes. A avó Amélia foi quem ajudou no arranjo dos quartos, «ela dizia ‘este não pode ficar ao lado deste, que eles davam-se mal’ ou ‘este tem que ficar com aquele, que eles tinham um namorico’», lembra Roberto. As camadas de história estão espelhadas em cada recanto do hostel, memórias que se refletem nas paredes forradas a molduras com fotografias e cartas que unem essas tantas personalidades à Casa de Pascoaes, a Amarante e à família.

Agraciado pelas grandes entradas de luz, todo o hostel prima pela decoração que alia o modernismo à recuperação de peças antigas do hotel. Sempre com grande preocupação pela sustentabilidade, o conceito do Des Arts passa pelo reaproveitamento, e foi o que Roberto fez, aos pouquinhos e sob o ceticismo dos que lhe perguntavam se ia construir uma jangada para voltar para o Brasil. Acabou por incorporar por todo o hostel, com finalidades diversas, as madeiras das antigas mobílias e até os tubos em cobre da velha canalização do edifício, que são agora o suporte das prateleiras do bar, no piso zero. Este espaço tem-se transformado no ponto de encontro de amarantinos nos serões de verão, já que é de acesso público. Aqui pode beber-se limonadas ou chá gelado a 1,5 euros, cocktails a partir de 5 euros e tábuas de queijos e enchidos para acompanhar, a 8 euros.

Entre o Tâmega e a Serra do Marão, não falta o que visitar nesta cidade com uma vasta programação cultural e paisagens verdejantes. O Des Arts é um ótimo ponto de partida para conhecer a cultura e a história da região.
Na época de verão é possível ficar nas suítes a partir de 55 euros por quarto, e nas camaratas – que são mistas – a partir de 18 euros por pessoa, com o pequeno-almoço incluído e acesso à cozinha comunitária.

 

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