Turismo Equestre: Dormir e passear em Ponte de Lima

Mais do que uma das capitais portuguesas da cultura equestre, Ponte de Lima afirma-se também como destino hípico internacional. Aulas de iniciação, passeios, percursos de charrete, há atividades para todo o tipo de amantes de cavalos.

Onde praticar?

Centro Equestre do Vale de Lima

Filipe Pimenta lembra-se de gostar de cavalos desde os 6 anos. Quando via garranos no meio da montanha, no vale do Lima, sentia como se fosse «uma experiência mágica», porque era uma coisa «nossa», diz. E foi mesmo um garrano o seu primeiro cavalo, uma oferta do pai quando tinha 10 anos. O gosto não lhe veio por tradição familiar, terá sido mesmo por este contacto com o meio rural e natural. Os anos passaram e a paixão cresceu. Hoje, Filipe é diretor Centro Equestre do Vale de Lima, espaço que ele próprio fundou, em 2001, e que promove grande parte das atividades equestres da vila.

O centro divide as suas atividades entre a Quinta da Sobreira, em Feitosa, onde também se encontra o picadeiro coberto e o restaurante com o mesmo nome, perto do centro histórico da vila, e a Quinta de Pentieiros, já no lado direito do rio, onde funciona o espaço Ponte de Lima on Horseback. Tanto num sítio como no outro é possível ter várias experiências, começando pelo batismo de cavalo até percursos por vários trilhos.


Centro Equestre Vale do Lima divide-se entre as quintas da Sobreira e de Pentieiros, ( Gonçalo Delgado /GI )

«O projeto traz valor para a região e toda a gente usufrui», defende Filipe, acrescentando que «o turismo equestre é forte em todo o mundo» e Portugal está no mapa, até porque a própria arte equestre «está a evoluir imenso». «Cada vez mais estrangeiros vêm passar férias a Ponte de Lima por causa do cavalos» e «são também cada vez mais os que compram casa na região exatamente por gostarem desta cultura», continua.

Filipe Pimenta fala de dois tipos de turismo: o «turismo a cavalo» e o «turismo do cavalo». O primeiro é para quem quer usufruir do equídeo, experimentado aulas ou passeios ou até mesmo para fazer estágios, como acontece com muitos cavaleiros que frequentam o centro. O outro é para quem quer assistir aos eventos equestres. O que não é impeditivo que os dois se cruzem.

Principalmente entre finais de maio e setembro, altura em que decorrem os grandes eventos hípicos da vila, como a Feira do Cavalo, organizada pela autarquia em parceria com o Centro Equestre, que este ano cumpre a sua 12ª edição, entre 28 de junho e 1 de julho, e várias competições. Para quem pratica e para quem gosta de ver.

Pony School: Escola para pequenos cavaleiros

Na escola de póneis que funciona na Quinta de Pentieiros, as crianças aprendem tudo sobre estes pequenos cavalos. Limpar, escovar, pôr sela e montar fazem parte de um método de ensino que privilegia o contacto com o animal e com a natureza. Paivi Alihanka, a finlandesa que veio para Portugal há vários anos e que fundou em Ponte de Lima a Pony School, acredita que é muito importante o respeito pelos animais, bem como aprender o seu temperamento.

O gosto pelos cavalos apareceu tarde na vida de Paivi, tinha 37 anos quando se começou a dedicar aos póneis. Antes, tinha sido professora no infantário, baby sitter na Califórnia e atriz de teatro para crianças. A sua filha Fiinu Alihanka, que agora a acompanha no trabalho na quinta, já cresceu entre cavalos e póneis. «Nasci no campo e sempre estive perto dos animais», conta. Quando tinha 7 anos, a mãe já tinha uma escola na ilha finlandesa de Rymättylä. «Tínhamos vinte póneis e muito mais espaço do que aqui», conta.

A primeira vez que Paivi veio a Ponte de Lima foi como turista e percebeu que, embora havendo muita cultura de cavalos, faltavam atividades para crianças ou para famílias. Quando a escola fechou, Paivi vendeu alguns póneis e trouxe outros para Portugal, que agora fazem parte da Pony School. Paivi aplica aqui o mesmo método de ensino. Mais do que aprender a montar, é importante perceber como se deve tratar um pónei.

No Pony School há passeios, mas também se aprende a cuidar dos animais (Gonçalo Delgado / GI )

«Os póneis são muito mais complicados do que os outros cavalos, vão onde querem. É preciso ter paciência», diz Fiinu. «De resto, a forma de montar é igual.» Há oito anos, começaram a trabalhar nas férias de verão, aproveitando eventos como as Feiras Novas e a Vaca das Cordas para vender passeios de pónei.

Surgiu depois a oportunidade de montar a escola, partilhando o espaço Ponte de Lima on Horseback, na Quinta de Pentieiros. A ideia «é ter as crianças entretidas em contacto com a natureza e em segurança», principalmente durante as férias. «No verão, muitos pais deixam as crianças aqui, durante todo o dia temos atividades». Não se trata apenas de andar de pónei, mas também aprender a cuidar da quinta e dos animais. Passeios, também os há: pelas lagoas de Bertiandos e pela própria quinta, com piqueniques incluídos.

 

 

Onde dormir?

AltaVista Country House: Dormir na serra e apreciar garranos

O homem sonha, a mãe acredita e o AltaVista nasce. A história do Altavista Country House poderia ser resumida assim, mas esconderia os pormenores que fazem dela um sucesso. Numa casa degradada, encostada à serra, em Carreiras, Isaque Viana viu a oportunidade de criar um alojamento turístico tirando partido da grande mais-valia daquela localização: a vista. Trabalha em equipa com a mãe Dores Viana, fazendo dos 30 anos que os separam um verdadeiro aliado. Isaque traz energia ao projeto; Dores traz sabedoria.

Um pouco de ambos se pode encontrar na casa de dois andares, reerguida em pedra e vidro, com capacidade para oito pessoas. Tem quatro suítes, que podem ser reservadas individualmente, cozinha equipada, ampla sala de jantar e uma sala de estar com uma parede envidraçada que oferece uma linda paisagem – nos dias claros, chega a ver-se Braga.

No jardim, a piscina é o grande ponto de interesse, mas há outros que vão passando pelos olhos: as ovelhas que aparam a erva nos terrenos circundantes, os habitantes a trabalharem as suas terras, o homem do pão que, de manhã, passa a abastecer a aldeia.

Áreas comum no Altavista Country House (Rui Manuel Fonseca / GI)

Quem ficar alojado (mínimo de três noites) no Altavista Country House tem direito a um passeio de «tração às quatro» pela serra vizinha. No jipe, ao sair de casa para mais uma visita, Isaque anuncia: «Aqui começam os caminhos para o céu». Num dos pontos ao sobe-se o monte, vê-se o rio Lima, noutro, o mar de Viana do Castelo, e por todo o lado avistam-se as muitas montanhas que, em camadas, abraçam a região. Não é certo avistarem-se garranos durante o passeio, mas é muito provável que aconteça. Pequena e robusta, esta raça autóctone, criada nos baldios serranos de forma bravia, tem aqui, junto ao Altavista Country House, um dos seus habitats. É um gosto vê-los em liberdade. Não teremos chegado ao céu. Mas andámos lá perto.


Carmo’s Boutique Hotel: Luxo e passeios de charrete

Se em alguns casos o luxo pode erguer uma barreira entre o espaço e o utilizador, outros há em que proporciona a experiência oposta. No Carmo’s Boutique Hotel, as cinco estrelas que ostenta garantem a qualidade e o conforto das infraestruturas e dos serviços. Contudo, talvez por ter ares do mundo, arte, ambiente intimista e uma estética multicultural, o certo é que o espaço convida a ser usado, experimentado, vivido; convida a ficar como se fôssemos da casa.

Este boutique hotel abriu em 2012, mas continua a renovar-se, muito por causa do espírito criativo de Maria do Carmo, uma das proprietárias, que, garante, coloca sempre a questão: «Se eu fosse cliente, do que gostaria?» Com base nas respostas, Maria do Carmo vai dotando a casa de lugares, recantos, serviços e pormenores surpreendentes.

Às suítes espaçosas e bem decoradas, juntou as tendas, pensadas segundo o espírito do glamping, que levam o hóspede algures para o continente africano. Na sala comum, acontecem os jantares, sob marcação, com mesa posta a preceito onde brilham os copos de cristal a contracenar com peças Lalique, marionetas gigantes, livros e uma garrafeira digna da melhor atenção que lhe pudermos dar.

Uma das suites do Carmo’s Boutique Hotel (Gonçalo Delgado/GI)

«Há dias em que passamos pelos espaços e não vemos nada. E depois, há dias em que conseguimos ver para além do espaço.» Numa dessas alturas, Maria do Carmo viu um mundo mágico nascer num recanto do jardim. Criou, então, uma casinha de chá para albergar a sua coleção de caixas de música e uma outra estrutura, igualmente pequena e de madeira, para acolher a coleção de casas de bonecas onde não falta uma escola primária dos anos 1970, à escala, sob um telhado forrado a galhos e luzinhas de Natal. É, de facto, mágico o mais novo recanto do Carmo’s, que convida a parar e a estar. «Quero que as pessoas sorriam quando aqui estiverem», remata.

O pónei Frederico fica no pequeno picadeiro, durante o verão, para que os hóspedes o possam ver. Graças à mini-charrete, é possível fazer passeios com ele. (Rui Manuel Fonseca / GI)

Cerquido Village: Turismo rural com direito a spa

Foi na aldeia do Cerquido, no meio da calma da serra d’Arga, que Filipe Pimenta, o diretor do Centro Equestre, montou três casas para turismo rural com um spa. A primeira, em 2015, era uma casa da aldeia que foi completamente recuperada e hoje alberga seis hóspedes.

Depois, foram construídos dois bungalows de madeira gémeos (para quatro pessoas), devidamente encaixados na encosta para não ferir a paisagem, e um spa, onde se pode estar a qualquer hora do dia ou da noite. A parede de vidro transforma o sítio numa «varanda» com vista panorâmica sobre o vale do Lima. Para apreciar enquanto se usufrui da piscina aquecida ou da banheira de hidromassagem.

Com este projeto, Filipe Pimenta apostou sobretudo na revitalização da aldeia do Cerquido, e promete não ficar por aqui: para 2019, planeia abrir uma mercearia de produtos regionais, para ser utilizada pelos hóspedes e pela população. As casas também dispõem de bicicletas para usufruir da serra, onde se pode observar garranos no seu habitat natural. Com o Ponte de Lima On Horseback a curta distância, há ainda a possibilidade de fazer passeios com estes cavalos.

 

No Cerquido Village & Spa é um turismo rural com três casas e uma piscina aquecida
( Gonçalo Delgado / Global Imagens )

Durante o verão, Ponte de Lima tem uma programação rica de eventos equestres. A Feira do Cavalo, já na sua 12ª edição, é um dos pontos altos. Em destaque estão também os Jogos Equestres, que se estrearam o ano passado, com diversas modalidades.

Calendário de atividades no Eventos Equestres em 2018

Durante o verão, Ponte de Lima tem uma programação rica de eventos equestres. A Feira do Cavalo, já na sua 12ª edição, é um dos pontos altos. Em destaque estão também os Jogos Equestres, que se estrearam o ano passado, com diversas modalidades.

1 a 3 de junho – Concurso de Saltos Nacional B
8 a 10 de junho – Concurso de Saltos Internacional
28 de junho a 1 de julho – Feira do Cavalo de Ponte de Lima
15 a 18 de agosto – Jogos Equestres de Ponte de Lima

Todos os eventos se realizam na Expolima (junto à Alameda de São João)

 

Glossário de modalidades

Dressage (adestramento) Modalidade olímpica muito exigente para o cavalo e para o cavaleiro, onde é avaliado o ensino do cavalo. É a base de toda a equitação. A correção dos movimentos do cavalo, a sua calma e submissão ao cavaleiro são os principais fatores avaliados.

Equitação de trabalho Baseia-se na equitação tradicional de cada cultura, conservando as suas tradições, nomeadamente no uso do traje e nos arreios. Os exercícios baseiam-se no trabalho de campo feito a cavalo.

Saltos de obstáculos Potência, força, velocidade e obediência são as caraterísticas a avaliar no cavalo nas provas de saltos. O cavaleiro é avaliado pela sua equitação.

Horseball Jogo coletivo onde duas equipas de quatro jogadores têm como objetivo marcar golo. Mas antes é preciso apanhar a bola do chão, sem desmontar, e realizar três passes entre três jogadores diferentes. Só depois se pode rematar à baliza.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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