Minho: concertos dão a conhecer monumentos

O programa Sente a História leva 30 concertos a 30 monumentos e locais históricos do Alto Minho, a partir deste domingo e até julho do ano que vem. Um bom pretexto para conhecer espaços de elevado valor patrimonial, distribuídos por dez concelhos.

História, património e gastronomia são motivos fortes para visitar o Alto Minho, e facilmente se cruzam no programa cultural Sente a História – Ação Promocional Música & Património – Novas Abordagens, Novos Talentos. A partir deste domingo, e até julho de 2019, há trinta concertos, envolvendo mais de 1500 músicos, a decorrer em trinta monumentos e locais históricos espalhados pelos concelhos de Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira.

O primeiro espetáculo é já amanhã, às 16h00, na Igreja Matriz de Ponte de Lima, e está a cargo da Filarmónica de Vila Nova de Anha. A iniciativa, organizada pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, e enquadrada no Ano Europeu do Património Cultural em Portugal, tem três linhas de programação: bandas filarmónicas, coros e jovens solistas do Alto Minho em contexto de música de câmara.

O objetivo de surpreender o público mediante novos talentos e abordagens não deverá ser difícil de atingir. Basta pensar que a capacitação de músicos locais é uma peça central do programa, e que bandas filarmónicas vão atuar em contexto de concerto, interpretando música erudita, jazz, rock ou metal, em formato acústico ou com o som amplificado.

«Este é um projeto único. Em Portugal, não há memória de que se tenha feito algo deste género», disse o maestro Afonso Alves, na apresentação da iniciativa, que envolve a capacitação de músicos locais.

Tradição e inovação dão as mãos também no que respeita aos coros do Alto Minho. Se, por um lado, o cantor popular repentista Augusto «Canário» escreveu as letras das canções sobre as lendas da região, por outro, seis compositores, do jazz à música erudita, compuseram dez peças corais polifónicas e um Hino do Alto Minho. Trata-se de Mário Laginha, Afonso Alves, Telmo Marques, Fernando C. Lapa, Carlos Azevedo e Eurico Carrapatoso.

«Este é um projeto único. Em Portugal, não há memória de que se tenha feito algo deste género», afirmou, na sessão de apresentação do programa, o maestro Afonso Alves. Já Augusto «Canário» falou dos desafios que encontrou na hora de escrever as canções sobre as lendas de cada concelho, «muito complexas para sintetizar».

«Canário» lembrou que não tem formação musical, embora o que mais goste de fazer seja «tocar e cantar». «Não sou um cantor de cantigas, sou um artesão de cantigas, isto é, o que canto e componho é um trabalho de artesanato que não obedece a rigores de regras instituídas», disse. A totalidade das canções e o hino serão interpretados pelo Coro Intermunicipal do Alto Minho, no encerramento do projeto.

«Em todos os locais vai haver recriações históricas», segundo o produtor do evento, David Martins. São igrejas, conventos e outros espaços pouco convencionais, muitos em sítios ermos, o que garante «ambientes únicos».

Os concertos têm lugar, ao fim de semana, em igrejas, conventos e outros espaços pouco convencionais, muitos deles em sítios isolados, o que permite criar «ambientes únicos», assegurou o produtor do evento, David Martins. Nesses dias, realizam-se ainda visitas guiadas e animadas por atores e figurantes com visuais de época. «Em todos os locais vai haver recriações históricas.»

Na Igreja do Espírito Santo, em Arcos de Valdevez, considerada «uma das joias do barroco nacional», devido aos dois púlpitos barrocos em talha e ao altar-mor que guarda, é bem possível avistar uma figura que se autointitula Manuel Gomes, mestre de talha a quem é atribuída a autoria dos púlpitos. A igreja, classificada como imóvel de interesse público, está a ser intervencionada para virar centro de interpretação do barroco do Alto Minho. Em março de 2019, já poderá receber o concerto da Banda Velha de Barroselas previsto no programa.

Entre os espaços integrados no Sente a História está ainda o Paço de Giela, também em Arcos de Valdevez. O Paço – de que são visíveis a torre medieval e o corpo residencial, com janelas «manuelinas», edificado sobretudo no século XVI – é Monumento Nacional desde 1910. Vale a pena subir à torre, pela vista panorâmica, mas o interior, musealizado, também merece visita. No dia 13 de julho de 2019, recebe o Grupo de Gaiteiros ZPAM e o Coral Polifónico de Verdoejo Guitolão & Contrabaixo.

Do programa consta, igualmente, S. Martinho de Crasto, em Ponte da Barca. Este templo beneditino foi fundado entre 1136 e 1140 por D. Afonso Henriques, e ocupado, posteriormente, pela Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. No dia 30 de junho, às 22h00, é palco de um concerto das Cantadeiras do Vale do Neiva e Cantares de S. Martinho.

Outro ponto no roteiro é a Igreja da Sagrada Família, em Viana do Castelo, com as suas linhas contemporâneas, obra do arquiteto Faro Viana, inaugurada em 2012. No próximo dia 27 de maio, às 17h00, acolhe o segundo concerto do programa Sente a História, a cargo da Banda Lanhelense.

Também a Torre de Lapela, em Monção, faz parte da rota. Crê-se que esta torre fortificada, junto ao rio Minho, em frente a Espanha, terá sido erguida a mando de Lourenço Gonçalvez de Abreu, senhor do couto de Merufe, um fidalgo que combateu no Recontro de Arcos de Valdevez e noutras guerras pela independência, ao lado de D. Afonso Henriques e do seu pai. Foi recuperada recentemente e, em 8 de junho de 2019, acolhe um concerto do Coral Polifónico S. Teotónio.

São vários os locais envolvidos, entre eles, o Convento de Fiães (Melgaço), a Igreja Matriz de Vila Praia de Âncora (Caminha), a Igreja Paroquial de Refoios (Ponte de Lima), a Igreja de S. Pedro de Rubiães (Paredes de Coura), a Igreja da Misericórdia (Vila Nova de Cerveira) e o Convento de Ganfei (Valença).

Numa região com grande concentração de monumentos classificados, há muito para conhecer, aproveitando o embalo da música. E estas pausas, mesmo que curtas, querem-se intensas. Afinal, a ideia é viver «experiências de história ao vivo».

Sente a História
Web: senteahistoria.com
Entrada gratuita

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