Um hotel no Príncipe Real com vista sobre Lisboa

O terceiro hotel da cadeia Memmo é um ninho de madeira, com detalhes de design e arte contemporânea, onde não chega o movimento do Príncipe Real. A não ser que se queira mergulhar nele, pela mão do próprio diretor do hotel.

Para Rodrigo Machaz, fazer visitas guiadas aos hóspedes pela vizinhança do Príncipe real faz parte das funções de diretor geral dos hotéis Memmo, sendo este o mais recente da cadeia de três unidades, todas elas criadas para se integrarem – e honrarem – a singularidade dos locais onde surgiram. Este é o segundo Memmo, em Lisboa, depois da primeira unidade em Alfama.

O primeiro de todos é o Memmo Baleeira, em Sagres, que estreou há nove anos a o conjunto de hotéis de média dimensão, muito dedicados aos design e à arte contemporânea, cuja arquitetura e decoração se pretendem umbilicalmente ligadas aos lugares onde se instalam.

«A ideia foi dar a conhecer os destinos através do hotel, que ele não fosse o sítio onde se vai dormir, mas onde se vai chegar e partir. Os hotéis tornaram-se socialmente desinteressantes e quisemos criar um hotel onde as pessoas gostassem de ficar», explica Rodrigo Machaz, que desenvolveu o conceito Memmo – ligado a memórias – com três sócios, João Correia Nunes e os irmãos Manuel e José Carrilho de Almeida. Com uma vida ligada à hotelaria e ao surf, decidiu unir o prazer de estar e de usufruir dos lugares investindo na transformação do antigo hotel da Baleeira no primeiro hotel Memmo.

Seguiu-se depois o Memmo Alfama, que abriu em 2013, inspirado na vivência tradicional daquele bairro lisboeta.

Tal como em Alfama, o projeto deste terceiro Memmo é da autoria do arquiteto Samuel Torres de Carvalho, que transformou o velho armazém que existia nas traseiars da rua, no qual trabalhava uma produtora, neste hotel contemporâneo, com linhas direitas e um interior revestido a madeira, que funciona como um miradouro de Lisboa.

O edifício foi orientado para essa vista panorâmica, ficando de costas para a primeira linha da rua, chegando-se até ele por um acesso algo oculto, através de uma rampa que permite uma boa surpresa. De dia, a vista é colhida por essa ampla paisagem lisboeta de luz branca, capaz de encantar qualquer visitante, e para a piscina exterior, que é aquecida e pode ser usada todo o ano. À noite, é a luz quente que se aninha nos tons de madeira a convidar a entrar – e pode-se, mesmo não sendo hóspede, porque o restaurante do hotel, o Café Colonial funciona sobretudo para o público local.

Este é um hotel bonito e tranquilo, mesmo que situado no miolo de um quarteirão de grande movimento, que ali se procurou captar, evocando ofícios locais, como a chapelaria. O espaço está além disso pontuado de obras de artistas portugueses deste tempo. É o caso da artista que reinterpreta a arte tradicional dos estuques, Iva Viana, autora do painel da receção. Também do pintor Miguel Branco, autor da série de 42 quadros que decoram todos os 41 quartos do Memmo e ainda do painel da sala de jantar do restaurante Café Colonial. Ou do artista lisboeta Carlos Barahona Possolo, que fez por encomenda um retrato do Dom Pedro V, uma reinterpretação moderna do quadro de Winterhalter, de 1854 – neste retrato, o Príncipe Real parece estar a posar no próprio hotel.

Os 41 quartos distribuem-se por dois pisos, com quase metade deles a serem rematados por terraços panorâmicos e pormenores de luxo, como uma lareira exterior.

Em todos os quartos, Samuel Torres de Carvalho criou aproveitamentos dinâmicos do espaço, como as portas de madeira que se fecham, dando à zona de dormir uma dimensão mais íntima. Ou ainda o armário do lavatório que desliza para não deixar nada à vista. A receber os hóspedes, há surpresas dentro dos chapéus na parede, como sugestões da agenda da cidade. E ainda uma bebida de boas-vindas, que pode ser preparada pelos próprios ou finalizada pelo barman do hotel.

A experiência é de luxo, sim, mas muito informal, ainda para mais quando o próprio director do hotel conduz os hóspedes por uma visita a locais de interesse cultural, arquitectónico ou de boa comida lisboeta. E, neste capítulo, quem quiser deslocar-se pouco pode ficar pelo Café Colonial, cuja cozinha liderada pelo chef Vasco Lello prepara pratos contemporâneos inspirados pelos sabores e técnicas das antigas colónias portuguesas.
Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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