Há um novo hotel à altura da Serra da Estrela

Longe vai o tempo em que a cidade não tinha alojamentos à sua altura. E à da Serra da Estrela. O Puralã – Wool Valley Hotel & Spa está aí para provar o contrário.

Dizer que o Puralã pertence ao Grupo Natura IMB Hotels, o mesmo que gere o H2otel, em Unhais da Serra, é desde logo um excelente cartão de visita, até porque este último se tornou numa referência. A verdade é que menos de um ano depois da abertura – foi inaugurado oficialmente em junho, mas já estava em soft opening desde fevereiro – o hotel da Covilhã já não precisa de ser apoiar nas qualidades do seu irmão para evidenciar as suas.

Aquele que, em tempos, foi o cinzento Hotel Turismo, sofreu um remodelação quase total e é atualmente uma das mais-valias da cidade, não só em termos de hotelaria, mas também de restauração. E de preservação da própria identidade local. Tudo aqui remete para o modo de vida serrano, para a lã. Relembre-se que a indústria dos lanifícios foi durante muitos anos o motor económico da região. A fachada faz lembrar um tear em movimento. Mas não é apenas fachada, até porque lá dentro as referências continuam. Não falta mobiliário de antigas fábricas, usa-se e “abusa-se” do xisto a madeira, há peças feitas por artistas e artesãos da terra; nos sofás há almofadas de malha, ao passo que na parede dois quartos, na cabeceira, troncos em madeira “derramam” fios de lã sobre a cama. Referência ainda para um mural de Fátima Pereira Nina (artista da terra) que junta vários materiais da região e onde se pode ler: “Se os filhos de Adão pecaram, os da Covilhã sempre cardaram”.

Um conceito que se estende à gastronomia e ao spa, dois dos seus pontos fortes. Além da piscina interior (e jacuzzi, ginásio, squash, hamam, sauna e duche vichy) a estrela maior é, porventura, o tratamento Ritual da Lã. Um tratamento exclusivo composto por uma massagem de corpo inteiro com aplicação, através da lã, de um óleo quente 100% biológico à base de azeite extra virgem da Beira Baixa. Todos os produtos utilizados são da Serra.

Numa região com tantos produtos de qualidade seria um crime não utilizá-los também na cozinha. Utilizam, naturalmente. Veja-se algumas das entradas do menu à la carte: Queijo de cabra gratinado com cantarelos em compota, cebola roxa e vinagre de figo, Creme de castanhas e aipo com raviolis de trufa e shitake ou Pastel de molho da Covilhã com caldo aromático de rabo de boi e açafrão. Para pratos principais um Angus de Idanha na tábua com batata rústica e salada de abacate, tomate e queijo de cabra curado ou Truta de manteigas com camarão, crocante de massa folhada, duo de legumes e gengibre rosa. Criações do chef Hélder Bernardino, beirão de gema. Há também buffet diário e um bar/bistro com alma cosmopolita, onde tanto se pode petiscar algo tradicional como beber um cocktail da moda.

Desenganem-se aqueles que temiam que esta ligação à lã, à memória, poderia tentar tornar o espaço algo pesado. Das áreas comuns aos quartos (espaçosos, confortáveis, modernos), o ambiente é serrano, acolhedor, mas também jovial. Segundo os responsáveis é um Boutique & Lifestyle Hotel que quer ser porta de entrada e um dos porta-estandartes de uma cidade que está, também ela, a reinventar-se. O Wool – Festival de Arte Urbana, que nos últimos anos levou à Covilhã levo alguns dos melhores artistas portugueses e internacionais, é um disso um bom exemplo. Há mais de duas dezenas de trabalhos espalhados nas paredes centro histórico. A maioria deles remetendo para a… lã. Nada como o passado para tecer o futuro.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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