Guimarães: a nova vida da cidade-berço que merece ser descoberta

Cidade Património Mundial, antiga Capital Europeia da Cultura e candidata a Capital Verde Europeia 2020, Guimarães é atualmente um dos destinos mais vibrantes e dinâmicos do país. Só nas últimas semanas abriram uma mão-cheia de moradas que vale a pena descobrir. E não, não ficam todos no centro histórico.

Guimarães pode vir a ser um caso de estudo de como uma cidade pequena soube reinventar-se e posicionar-se a nível internacional», afirma Rui Torrinha, responsável pela programação artística d’A OFICINA, entidade que gere vários espaços culturais vimaranenses, entre eles o Centro Cultural Vila Flor. Que Guimarães era uma cidade histórica e com centro ímpar já todos os portugueses sabiam, mas faltava algo. Mais e melhores restaurantes, mais e melhores hotéis, maior oferta e diversidade cultural. Noite sempre houve, mas a vida noturna não chega para iluminar um destino.

Tudo começou a mudar em 2001, com a classificação de Património Mundial. Há um antes e depois desta distinção. Tal como como há um antes e depois de 2012, ano em que a cidade ostentou o título de Capital Europeia da Cultura. Rui Torrinha admite que «houve coisas que foi preciso repensar e uma retração instintiva natural, depois de tantos eventos», a verdade é que a cultura, juntamente com uma nova dinâmica turística e uma certa aura cosmopolita parecem ter vindo para ficar. «É uma cidade invulgar. Basta olhar para o universo de bandas existentes, os teatros amadores ou as escolas de arte. Num curto espaço de tempo conseguiu passar-se de uma cidade industrial, em crise, para uma cidade com uma identidade cultural vincada.» Como é que isto se consegue? «Porque é uma terra atenta às suas tradições, orgulhosa, gosta de ser ela própria a escrever a sua história», conclui o programador, na esplanada do BAR DA RAMADA.

Em 2012 a cidade acolheu foi Capital Europeia da Cultura e nunca mais foi a mesma

Não escolheu este local por acaso. Fica no Instituto de Design, na zona de Couros, a cinco minutos do centro. Ainda cheira a novo. «A nossa ideia é criar uma alternativa ao Largo da Oliveira. Os vimaranenses continuam a gostar do largo, mas já não é o nosso cantinho.» Quem fala agora é João Rocha, ele que dá a cara pelo patrão (Ricardo Silva) quando este não está presente. O mesmo Ricardo Silva que fez do Manifestis Probatum, esse sim, no centro histórico, uma referência para quem queria comer tapas e beber bom vinho. Foi dos primeiros a arriscar num conceito diferente. Fechou em 2016.

O conceito aqui é outro – o foco está no café e cerveja artesanais –, mas mantém-se a fixação pelo detalhe e pela diferença. Têm um boca de cerveja nacional, três estrangeiras e uma de cidra. O café é Vernazza. «Suave, de processo artesanal, para os verdadeiros apreciadores», diz João Rocha enquanto serve Zé Teibão, pintor e um dos quatro sócios da ALMANAQUE 23, loja/ateliê em que tanto se pode comprar uma obra sua como um disco em vinil ou um livro raro. Acabam de se mudar para a porta ao lado. A cem metros fica o CURTIR CIÊNCIA – Centro Ciência Viva de Guimarães, inaugurado no final de 2015 e instalado numa antiga fábrica de cardumes. Tem duas dezenas de módulos e sete áreas de conhecimento e visitas guiadas. A câmara está a tentar que esta zona seja integrada na área classificada como Património Mundial. Quando acontecer talvez cheguem os turistas. Por enquanto o caminho está (quase) deserto.

MUITAS NOVIDADES

Há novas moradas um pouco por toda a cidade. Junto da Plataforma das Artes, também a cinco minutos do centro historico – Guimarães é perfeita para ser explorada a pé, todos os locais referidos ficam num raio de cinco minutos entre si – acaba de nascer uma mercearia gourmet. Não é bem uma mercearia gourmet, termo já gasto. Chama-se GROCERYA NACIONAL e é uma mercearia onde se podem comprar produtos biológicos, uma garrafa de vinho ou uma peça de artesanato. E comer e beber. Tudo pensado por Ricardo e Carla Silva. Ricardo (designer gráfico) é de Lisboa, Carla (fotógrafa) de Amarante, cidade para onde se mudaram depois de alguns anos a viver na capital e onde começaram uma produção de cogumelos shiitake. Pelo meio houve uma visita à Cidade-Berço. «Foi amor à primeira vista», confessa Ricardo. Há tábuas de queijos, enchidos, saladas, pratos quentes ou uma simples sardinha no pão com pimento assado. «Tudo o que cozinhamos pode ser vendido na loja.» Procuraram também trazer produtos pouco conhecidos na região, como o pão do Rogil (Aljezur) ou o lisboeta Melhor Bolo de Chocolate do Mundo. Em breve haverá cabazes semanais.

Um café cheio de livros, um espaço de massagens aos pés, casas de petiscos e uma mercearia gourmet vieram acrescentar a cidade

No Largo do Juncal fica o RIMAS E TABUADAS. A esplanada é a de um café convencional, mas assim que se entra sente-se o cheiro a livros. Tem uma estante cheia de obras, incluindo para crianças. Um sonho antigo de Sílvia Lemos, professora de Matemática, que conta com a ajuda da irmã, Ana Lemos, psicóloga. «Sempre desejei que os livros fossem uma realidade na vida das pessoas», diz Sílvia. «A ideia é virem beber um café e surpreenderem-se. Além disso, esta praça tem muito por descobrir. Dá a sensação de podermos descansar um bocadinho», diz. Ela que, tal como tantos vimaranenses, tem uma relação umbilical com o Largo da Oliveira. «Costumo dizer que era a minha sala de estar. O meu pai nasceu na Pousada da Oliveira e era onde ficava a Biblioteca da Gulbenkian. Passava lá os dias. O turismo fez que o largo deixasse de ser meu, mas é bom. É extraordinário ter esta diversidade numa terra tão pequena.»

Do outro lado do Largo do Juncal, mais uma novidade tão lógica quanto surpreendente. Uma casa de massagens chamada PONHA AQUI O SEU PEZINHO. Um conceito de fusão entre as culturas asiática e portuguesa, dizem os proprietários. Parece complexo, mas é simples: depois de um dia a caminhar, nada como fazer uma massagem aos pés ao som de um fado e de um chá cem por cento luso. Uma ideia de Vanessa Amaro e Gonçalo Lobo Pinheiro, ambos jornalistas, a viver em Macau e sem ligação à cidade – a prova, se preciso fosse, da força que a marca Guimarães ganhou nos últimos anos. Já Jorge Pedro e Rita Vieira nasceram e vivem na terra, em pleno centro histórico, mas nem por isso deixaram de ter uma ideia com igual visão. Já tiveram uma mercearia gourmet, agora apenas vendem azeite. Terras Dazibo. Azeite transmontano, de qualidade superior. «As pessoas provam e quase todas acabam por comprar, porque querem levar para casa algo bom e genuíno», diz Jorge. Uma cidade feita a pensar nos turistas não é uma cidade atrativa para os próprios turistas. Pelo menos para já, Guimarães parece ter entendido isso como poucas cidades no país.

UMA CIDADE DE FESTIVAIS

Em Guimarães quando se fala de cultura não se fala apenas de museus. Nem do Centro Cultural Vila Flor, se bem que não se possa menosprezar o papel que tem desempenhado nos últimos 12 anos. Um espaço gerido pel’A Oficina, entidade responsável pela gestão e programação de locais como Plataforma das Artes e da Criatividade – Centro Internacional das Artes José de Guimarães ou o Centro de Criação de Candoso, heranças da Capital Europeia. Ou a Casa da Memória, inaugurada há pouco mais de um ano. Mas esta é também uma terra de festivais. A 7 e 8 de outubro decorre a sétima edição do Guimarães noc noc, organizado pela associação Ó da Casa. Um roteiro que junta obras por vários espaços da cidade. Qualquer pessoa pode expor e qualquer café, bar ou restaurante pode ser galeria. Também no dia 7, no CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura, decorre o festival Mucho Flow, evento criado pela Revolve, editora e promotora independente que tem levado à cidade nomes emergentes da música nacional e internacional. Há concertos ao longo de todo o dia. Já entre 8 e 18 de novembro decorre a 26ª edição do Guimarães Jazz.

HOTELARIA DE CHARME…FINALMENTE

Longe vão os tempos em que a hotelaria era uma pecha na cidade. O EMAJ BOUTIQUE HOTEL (localizado no Largo do Toural), o HOTEL DA OLIVEIRA (antiga Pousada reconvertida em hotel de charme, no Largo da Oliveira) e o SANTA LUZIA ARTHOTEL são três dos exemplos do muito e bom que se tem feito nos últimos anos. «Ninguém está à espera de encontrar um hotel destes numa cidade tão pequena», diz um dos clientes, no último piso do Santa Luzia Arthotel, onde se destaca uma piscina com 45 metros de comprimento. «Parece que estamos em Miami.»

A Igreja da Penha, lá em cima, não deixa dúvidas de que é de Guimarães que se trata. Ainda assim, não perder a essência vimaranense é uma das preocupações da casa, apesar dos 99 quartos e do ar cosmopolita. Afinal, os dois sócios maioritários do projeto (irmãos gémeos) não são apenas os arquitetos desta casa oitocentista, são descendentes diretos dos primeiros proprietários. A vocação artística também é para levar a sério. Têm uma programação própria, galeria e até uma boca de cena, permitindo a realização de vários tipos de espetáculos. Tudo aberto à cidade. Tal como o restaurante e o spa. E o bar da piscina, é claro. Até porque longe vão os tempos em que nos hotéis apenas se dormia.

COZINHA DO MUNDO

Vitela no forno? Bacalhau à minhota? Francesinha? A cozinha tradicional, regional, continua presente na cidade (e ainda bem), mas são cada vez mais as novas abordagens. Como A COZINHA, no Largo do Serralho, a cargo do chef António Loureiro, homem da terra que tem tentado reinventar pratos do Minho e do Douro. O LE BABACHRIS também já granjeou fama suficiente para que ande na boca dos adeptos de algum risco gastronómico, até porque aqui não há menu fixo. Christian Rullan, natural de Palma de Maiorca, vai preparando aquilo que a época e o mercado lhe dão. Fica na Rua D. João I, entre o Toural e antiga sede do Vitória. Junto ao estádio está o DAN’S. Uma hamburgueria, mas não uma hamburgueria qualquer. Tem uma decoração a piscar o olho ao Instagram e especializou-se em hambúrgueres de picanha.

Na Avenida D. Afonso Henriques, a caminho do Centro Cultural Vila Flor, fica a SALA 141, de André Martins e da mulher, Marisa Cid. Cerveja artesanal, cocktails de autor, sopas e sumos sempre frescos e tapas criativas servidas ao balcão ou numa mesa de madeira comunitária. O MEZANINO, a dois passos da Praça da Oliveira, é outros dos espaços de cosmopolitas que vale (mesmo) a pena explorar. Abriu neste verão. Tal como vale sempre a pena passar pelo COR DE TANGERINA, junto ao castelo. Acabou de fazer 10 anos. Vegetariano, cosmopolita, verde, numa época em que tudo nesta Guimarães era ainda um futuro longínquo. Ambiente descontraído e uma esplanada perfeita para entrar no outono.

 

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