«A diversão deve ser aberta, experimentalista e relaxada»

Simão Bolívar, produtor das festas Gigi (Fotografia de André Rolo/GI)
A Gigi está a caminho da maioridade. E por este andar, vai lá chegar. Esta festa, produzida por Simão Bolívar, que abarca o pop revivalista e as tendências eletrónicas contemporâneas, começou por ser, no já desaparecido Triplex, uma plataforma para inclusividade e diversidade. E a cidade nunca mais foi a mesma. Sábado, dia 2, celebra o seu 17º aniversário, no Plano B, a sua casa desde 2011.

Como era a cultura noturna da cidade quando nasceram as festas Gigi?
A festa começa em março 2002, quando as pessoas já estavam muito imbuídas num espírito revivalista do eletroclash. Já se sentia a nível internacional o que cá no Porto começou a sentir-se quando DJ Kitten [projeto do produtor e músico João Vieira] começou a fazer festas também no Triplex quase um ano antes. Mas as caraterísticas eram diferentes.

O que a Gigi trouxe de diferente?
Começou por ser uma reunião de amigos. E o que surgiu foi a possibilidade de dar espaço a um mercado quase inexistente: mulheres a passar música. Era muito difícil de encontrar raparigas, fosse em que estilo musical fosse, a fazer isso. As primeiras festas não eram definidas por um género de música. A coisa estabilizou com alguma rapidez, com a Marta [Hari] e com a Lara [Soft]. O Porto é muito permeável a fenómenos revivalistas. Elas vinham com um projeto de Lisboa que se chamava Where Were You in 82?. Portanto, isso tornou-se o preâmbulo da festa.

Entretanto, começam a abrir bares na Baixa do Porto. Quando foram para o Plano B, que alterações houve?
A dinâmica de cidade alterou-se. Este foi o primeiro espaço e que alavancou a movida portuense. E catapultou a festa para uma dinâmica diferente, até porque tem três espaços. Por norma, o Rodrigo [Affreixo] costuma por música na Galeria, no palco estão a Marta e a Lara, e os diferentes convidados, no Cubo.

As festas da Gigi ajudaram a abrir mentalidades?
É muito bom pensar que é uma festa inclusiva e que deu espaço a um segmento que estava completamente negligenciado. Hoje em dia, é muito fácil encontrar mulheres DJ. Mas foram principalmente os comportamentos das pessoas que se alteraram e acho que em parte pelo que se passou nas festas Club Kitten e nós também ajudámos. O Porto sempre foi mais fechado e quando perdeu a cabeça abriu-se todo um admirável mundo novo. A própria interação das pessoas mudou.

Em que aspetos?
A coisa melhor que a noite tem, pelo menos a forma idílica que a observo, é a heterogeneidade. Não acredito na segmentação. Ela empobrece e é redutora. A diversão deveria permitir-se ser aberta, experimentalista e relaxada. É para ter gozo com os outros.

A FESTA DOS 17 ANOS DE UMA FESTA
A «Gigi 17 Anos» realiza-se sábado, dia 2, no Plano B. A festa faz-se com o convidado John Talabot, DJ e produtor espanhol, a atuar no Cubo, Lara Soft e Elsa Cósmica, na Sala Palco, e Affreixo, na Galeria. Plano B. Rua Cândido dos Reis, 30 (Baixa). Das 23h59 às 06h00.

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