Porto: luxo informal no coração da Baixa

A segunda morada da insígnia Torel Boutiques na cidade chama-se 1884 e transformou um prédio centenário da Baixa numa casa acolhedora, de elegância descomprometida, de onde não apetece sair.

Não vale a pena procurar significados ou um momento emblemático da história, da cidade ou do país, que justifique o nome. Se o segundo hotel da marca Torel Boutiques no Porto se chama 1884, é apenas pela data de construção do edifício onde se encontra. E isso basta por si só. Até porque não é um edifício qualquer.

Ingrid Koeck, a fundadora, já o tinha debaixo de olho desde o momento em que chegou ao Porto com o propósito de dar um «irmão» ao seu Torel Palace de Lisboa. Mas outras questões se meteram pelo meio, nomeadamente o avanço mais rápido do Torel Avantgarde, na Rua da Restauração, pelo que este foi ficando para depois. Pois chegou o seu momento.

O Torel 1884 abriu na segunda metade de fevereiro, trazendo à Baixa uma dúzia de suítes espaçosas com vista para o coração da cidade, e um acolhedor wine bistro. Os mapas pendurados do teto no átrio deixam à vista o tema da expansão marítima como mote para a decoração do hotel – aliás, alojamento local, categoria menos restritiva e menos dada a formalismos, coisa que agrada a Ingrid Koeck. O ambiente é de elegância descomprometida, luxo sem salamaleques, quase uma versão incrementada da estalagem que a avó de Ingrid tinha na Áustria. «Cresci numa casa sempre cheia de gente diferente», conta. «Nunca me habituei a vê-los como estranhos, antes pessoas, sempre quis ouvir as suas histórias». Esse entusiasmo mantém-se, mesmo já com três casas Torel à sua responsabilidade, nas quais faz questão de ir estando presente – «É importante os hóspedes verem que os donos não são uma entidade longínqua e inacessível, mas alguém que está realmente ali».

De volta ao edifício, que foi espaço de eventos e, antes disso, banco (aliás, a caixa-forte ainda lá está, transformada em wine bar). O amplo vão de escada dá-lhe, desde logo, alma e luz natural. Predominam as cores terrenas, cinzento, verde, castanho, bege, ainda no contexto da temática descobrimentos. Cada piso corresponde a um continente – África, Américas, Ásia -, e há pormenores deliciosos nos quartos, como uma casa de banho forrada a folhas de bananeira em jeito de papel de parede, entre diversos outros detalhes feitos à mão. O mesmo acontece nas áreas comuns, com vários recantos de leitura ou simplesmente para estar espalhados pelos andares.

Este é um daqueles hotéis – ou melhor, «alojamentos locais» – onde alegremente se ignora o elevador para saborear o percurso pelas escadas, da biblioteca ampla no topo, sob uma imensa claraboia, à nesga da castiça Viela do Anjo que espreita ao fundo do corredor no piso abaixo, além de toda a profusão de detalhes onde pousar o olhar pelo caminho. É isso, também isso, que torna especial um hotel como este. Perdão, alojamento local.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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