Six Senses: o luxo dos sentidos a dormir no Vale do Douro

No Six Senses Douro Valley o pequeno-almoço tem esta vista. (Fotografia: DR)
É provavelmente um dos mais exclusivos (e caros) hotéis nacionais. O Six Senses Douro Valley ocupa a antiga Quinta de Vale Abraão, uma joia do século XIX que deu nome a um livro de Agustina e a um filme de Oliveira.

Comecemos pelo olhar. Porque é o sentido que se sobrepõe quando nos aproximamos do Six Senses Douro Valley. O requinte e o conforto deste hotel de luxo ainda não se sentem. Isso ficará para mais tarde. O que domina são ainda as vinhas da típica paisagem duriense. E o vale, perfeitamente desenhado, para quem chega a partir da Régua, escorregando em direção ao Douro. Vale Abraão de seu nome, que deu título a um livro e a um filme.

Comecemos pelo olhar ao longe, como sucedeu com Ema, personagem de romance, a “Madame Bovary” do livro de Agustina Bessa-Luís e logo depois do filme de Manoel de Oliveira. E depois desce-se então por aquele caminho estreito e íngreme que serpenteia entre vinhedos, até à quinta com o mesmo nome. O nome que lhe deu um judeu de Lamego que por ali arrendou uns vinhedos no século XV. Raramente um hotel tem tantas histórias.

(Fotografia: DR)

Chega-se ao pátio, rodeado de ciprestes, entra-se para o check-in. É outra vez o olhar que se perde, na varanda virada a norte, sobre o “s” que o Douro por ali faz, com a Régua lá ao fundo. E, depois, é preciso descer. Voltas trocadas destes socalcos do Baixo Corgo, chega-se pelo oitavo andar e tudo o resto fica lá para baixo, neste “hotel ao contrário”. Os quartos, por exemplo, que são 60, e pelos quais é preciso estar preparado para pagar umas boas centenas de euros por noite.

Os sentidos seguem-se de forma aleatória. Cada hóspede terá a sua ordem. Prossiga-se, por exemplo, com o toque. Que pode bem ser o do parceiro de aventura, se para lá for acompanhado, mas também o de uma massagem no spa, ou o que resulta de um mergulho nas águas da piscina “infinita”, ali à entrada dos jardins de que pronto falaremos.

Mas a etapa seguinte também poderia ser o cheiro à volta de uma das provas de vinho diárias que o hotel organiza na Wine Library. É possível que lhe calhe em sorte o sommelier Nuno Almeida, entusiasta dos vinhos do Douro (entre nós que ninguém nos ouve, também dos que se fazem no Dão) e capaz de o ajudar a perceber a importância de cada um dos sentidos enquanto aprecia um bom copo de vinho.

Pelo cheiro se chega ao paladar, tal como de uma prova de vinhos ao final da tarde se passa para o jantar, esse já da responsabilidade do chef catalão Marc Lorés. Os espaços de refeição são vários, múltiplas as opções da ementa. Em tempo de verão, acresce o churrasco ao ar livre.

(Fotografia: DR)

Mas talvez nada fique na memória como os paladares do pequeno-almoço, de preferência servido no terraço. Sobretudo se dedicar o resto da manhã a ouvir o espantoso jardim histórico (a classificação já é oficial). Siga pelos caminhos ouvindo o sopro do vento entre as folhas dos carvalhos ou dos medronheiros, dos áceres ou dos cedros, das píceas ou dos abetos, ouvindo a multidão de pássaros que por ali encontra refúgio, ouvindo a cascata , ouvindo ou imaginando ouvir o murmúrio das águas do Douro, literalmente a dois passos.

Uma pérola exótica que nos chega do século XIX, pelas mãos de Laura e Alfredo (deixemos os apelidos, tantos eles são), à data os proprietários de uma quinta que acabaria por se transformar num ícone duriense. Seria uma boa forma de acabar. Há quem acredite, no entanto, num sexto sentido. E este é um Hotel Six Senses. Tudo somado, pode ser que o descubra por lá. Seja ele sinónimo de equilíbrio, de intuição ou até de algo para lá do normal.

 

Six Senses Douro Valley
Quinta Vale de Abraão, Samodães, Lamego
Telefone: 254660600
Web: sixsenses.com.
Preço: quarto duplo a partir de 525 euros, com pequeno-almoço incluído.




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