Quinta da Côrte: passear e dormir entre as vinhas do Alto Douro

Quinta da Côrte, no Alto Douro. (Fotografia: JF Jaussa)
Na Quinta da Côrte, em Valença do Douro, a experiência do Alto Douro Vinhateiro é total. Caminha-se por vinhas centenárias, num cenário de encostas com rio ao fundo, prova-se vinhos de excelência e acorda-se ao som dos pássaros.

Para chegar à Quinta da Côrte, percorre-se toda uma montanha – primeiro numa subida que parece não terminar, depois, passando o centro da freguesia de Valença do Douro, faz-se uma descida até meio da encosta. Nesta estrada de curvas e contracurvas o espírito do Douro começa a apropriar-se do viajante, que quando chega à quinta se depara com uma casa cheia de histórias.

Propriedade antiga – seguramente já existia no século XVIII – está a ser estudada quanto às suas origens. Pensa-se que seria por se situar em frente à Real Companhia Velha, na encosta do outro lado do rio Torto, que lhe terá dado o nome. Pois seria um espaço onde a corte se instalaria para pernoitar.

Mas isto são apenas suposições, considera a enóloga Marta Casanova, pois não foi encontrada ainda documentação sobre a origem da quinta. A mais antiga data de 1814 e fala sobre a replantação da vinha. Por isso, já aqui haveria produção de uvas antes dessa data. A história sente-se quando o hóspede ou visitante da quinta se passeia pela vinhas, principalmente as centenárias, plantadas depois da filoxera e que têm já 110 anos.

A Quinta da Côrte, em Valença do Douro. (Fotografias de JF Jaussa)

A quinta foi reabilitada há quase uma década.

A quinta estava em muito mau estado quando o francês Philippe Austruy, proprietário de quintas vitivinícolas em França e em Itália a encontrou. Conseguiu adquiri-la aos herdeiros e em 2013 começou as obras de reabilitação. Todos os muros foram reerguidos e a casa principal foi recuperada mantendo as suas características originais, mas com mão do arquiteto e designer de interiores, também francês, Pierre Yovanovitch, e com muitas obras de arte, principamente quadros e esculturas.

É nesta casa principal que se encontram três dos oito quartos destinados aos hóspedes. Os restantes ficam nas casas que eram os antigos anexos onde se guardavam as alfaias agrícolas. Na casa fica também a sala de jantar, onde uma lareira aquece os dias e as noites frias. Aqui, numa extensa mesa corrida, toma-se o pequeno-almoço e também se pode fazer uma refeição, toda harmonizada com as referências da casa. À frente da cozinha está Daniel Pinto. Natural dali mesmo, de Valença do Douro, o jovem cozinheiro aprendeu as lides da cozinha com a avó. “É a minha principal referência, ajudava-a em casa. Depois fui tirar o curso profissional de cozinha em São João da Pesqueira”, conta. Estagiou no Castas e Pratos, Régua, e passou por várias cozinhas até que assentou aqui, há três anos. A sua é sofisticada e colorida – a cor vem principalmente dos vegetais que se criam na horta da quinta – não descurando os sabores tradicionais.

A quinta com oito quartos fica situada no Alto Douro.

Um jantar aqui é o ideal para se ficar a conhecer as várias referências da Quinta da Côrte, começando pelo Côrte branco, 100 por cento viosinhio, passando por, entre outros, o Princesa reserva tinto, com castas tradicionais do Douro, incluindo de vinhas velhas, e os portos – todos de vinhas velhas -, para acompanhar as sobremesas.

Quem quiser passar o dia inteiro na quinta, não falta o que fazer, desde trilhos assinalados para se conhecer toda a propriedade ou visitar as adegas, a antiga, onde só se produz vinho do Porto e a mais recente, também projeto de Yovanovitch, de onde saem as várias referências os vinhos tranquilos da Quinta da Corte.

Além da cozinha de Daniel Pinto, podem fazer-se visitas à adega e vinha, e passear em trilhos assinalados.

Nesta, logo à entrada, pode ver-se um filme sobre as outras quintas de Philippe Austruy A priemria foi Commanderie de Peyrassol e a vinha La Bernarde, na Provença francesa; seguiu-se o Château Malescasse, no Haut Médoc, em Bordeaux, França, e, depois da Quinta da Côrte, adquiriu Tenuta Casenuove, na Toscana. A visita guiada continua para a parte da produção e termina com uma prova de vinhos.

 

Cruzeiros no Douro

Ali perto de Valença do Douro, no Pinhão, há pequenos passeios de barco para se ficar a conhecer de outra forma a região. A Companhia Turística do Douro tem duas sugestões de percursos – do Pinhão ao Tua (ida e volta) ou do Pinhão à Romaneira (ida e volta). O preço do primeiro é de 20 euros, do segundo, 10 euros. O embarque é na Rua da Praia, Pinhão.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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