Paredes de Coura: há um Ninho cheio de histórias no Caminho de Santiago

Marlene Castro, proprietário do Ninho, e a sua cadela Carolina. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)
Marlene Castro abriu o Ninho, um albergue de peregrinos, na antiga casa da bisavó, na freguesia de Rubiães. É composto por cinco quartos, cozinha, um salão para conviver e muitas memórias do seu passado.

A ilustração de um pássaro amarelo cujas asas fazem lembrar a concha de Santiago, a pender num portão, indica a chegada ao Ninho. Este Ninho pertence a Marlene Castro, antiga professora de matemática e de ciências que ali recebe, na companhia da sua cadela Carolina, sobretudo peregrinos do Caminho Português de Santiago Central, que passa mesmo em frente, mas também grupos de amigos que podem alugar todo o albergue e pessoas que procuram um lugar para dormir em Rubiães, Paredes de Coura, entre março e outubro.

Cozinha e mezanino. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

A bonita casa de pedra foi construída em 1822 por um padre que acabou por deixar o imóvel à sobrinha Josefina Vaz de Castro, bisavó de Marlene. A casa foi passando de geração em geração, chegando às mãos da antiga professora, que ali viveu até aos 17 anos, altura em que saiu para estudar e viajar. Acabou por regressar às raízes e depois de dez anos a dar aulas, Marlene fez o Caminho de Santiago. A experiência acabou por lhe indicar um novo rumo e em 2014, com o apoio da mãe, Maria Pequena, abriu a casa da bisavó ao público como um albergue para peregrinos.

Um dos quartos. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

Nas antigas cortes, no rés-do-chão, existem hoje três quartos, uma cozinha com zona de refeições e um mezanino que se vai adaptando às necessidades de alojamento. O primeiro piso alberga os restantes dois quartos, bem como um salão com mesa para 20 pessoas onde se servem jantares, uma oferta recente e bem-sucedida, em que Marlene aproveita o momento para promover os sabores da terra.

O salão. (Fotografia DR)

O salão. (Fotografia DR)

Ainda no salão, os hóspedes podem apreciar um manequim vestido com um antigo fato à minhota de Marlene e uma vitrina onde estão algumas relíquias, como fotografias, travessas e malgas antigas, documentos de quando a bisavó produzia vinho verde e bonecas de trapos feitas pela mãe. Também neste piso existe uma cozinha tipicamente minhota e um bonito pátio interior, ideal para repousar. Há ainda uma pequena horta que dá ervilhas, cebolas e favas.

Três gerações: Marlene Castro (direita), a mãe, Maria Pequena, e retrato da bisavó, Josefina Vaz de Castro. (Fotografia de Alexandra R. Sousa)

Fruto do amadurecimento do projeto, Marlene tem vindo a fazer algumas alterações ao espaço, e prevê dar-lhe um novo nome para o ano, em jeito de celebração dos dez anos de funcionamento. A ideia será fazer uma homenagem à bisavó Josefina, que apenas conheceu pelas memórias que lhe foram transmitidas, mas que foram suficientes para se encantar pela sua personalidade. “Pareceu-me sempre ser a mulher com quem eu mais me identificava”, partilha Marlene, que, em 2021, escreveu o livro “Memórias de Josefina”, um conjunto de contos que evocam lugares, pessoas, usos e costumes da sua terra natal, e que está disponível para ler no albergue.

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