O Palácio Ludovice, resistente ao terramoto de 1755, é agora um hotel vínico de luxo

Um dos Classic Room do Palácio Ludovice. (Fotografia. DR)
O edifício nobre do Palácio Ludovice, que resistiu ao terramoto de 1755, é agora um novo hotel de cinco estrelas onde a história, a arquitetura e o vinho se entrelaçam. O projeto, localizado em São Pedro de Alcântara, foi desenhado pelo arquiteto Miguel Câncio Martins.

O Palácio Ludovice cruza o reinado de D. João V com João Frederico Ludovice, um multifacetado alemão que começou por aprender ourivesaria com o pai e depois foi para Itália estudar escultura e arquitetura. No princípio do século XVIII mudou-se para Portugal a convite dos jesuítas e abriu uma ourivesaria em Lisboa, conjugando o negócio com projetos de arquitetura. Elevado a arquiteto-mor do reino, foi-lhe então pedido que dirigisse o projeto e construção do Palácio Nacional de Mafra.

Como agradecimento, D. João V ofereceu-lhe um terreno que ocupava, à época, um quarteirão inteiro em Lisboa. O edifício foi construído em 1747, em estilo barroco tardio e com uma capela, e serviu de residência ao arquiteto do reino e da família, tendo já vista panorâmica para o castelo de São Jorge e para o rio, numa altura em que a noção de luxo ditava a vista para o campo. Frederico morreu em 1752, seguiu-se o devastador terramoto, mas o palácio resistiu de pé.

O tipo de arquitetura e construção ajudou a explicar a resiliência do imóvel e inspirou Marquês de Pombal a adotar aquela que seria a gaiola pombalina, com o uso de uma estrutura de madeira em cruz no interior das paredes de alvenaria. Ao longo do século XIX o edifício sofreu várias alterações, tendo sido morada de aristocratas europeus e mais tarde do Solar do Vinho do Porto. Miguel Câncio Martins e seu sócio francês Jacques Chahine compraram-no para ali abrir um hotel.

De forma a manter a identidade do palácio, o projeto recuperou os azulejos do século XVIII, frescos, tetos de reboco e outros pormenores, como as pedras de mármore das escadarias e os tetos em tilojo-burro. Os 61 quartos e suítes de diferentes tipologias tiveram de respeitar as áreas originais, por se tratar de um imóvel de interesse público, e foram decorados com uma paleta de cores suaves e com peças de mobiliário desenhadas pelo arquiteto, num estilo contemporâneo.

O claustro do palacete – ao qual não falta um jardim vertical, uma fonte de pedra e diferentes atmosferas consoante a luz do dia – acolhe o restaurante Federico (aberto a passantes), onde a vertente de wine experience do hotel ganha maior evidência. A cozinha está a cargo do chef Ricardo Simões e assenta numa matriz portuguesa e de produto da época, com técnicas francesas, e inclui pratos inusitados para um cinco estrelas, como chanfana à moda de Coimbra e canja de galinha com trufa.

No bar do hotel (que em breve deverá ter um acesso independente por outra rua), o chef de bar Daniel Palma propõe cocktails com vinho, recorrendo a técnicas de mixologia moderna. A carta do sommelier Armindo Saraiva tem 163 referências selecionadas para “contar a história do vinho em Portugal” e que destacam vinhos emblemáticos de cada região e castas menos conhecidas, como a tinta negra da Madeira. O hotel também organiza provas para grupos de três a quinze pessoas.

O Palácio Ludovice tem ainda um ginásio e um spa da marca francesa Caudalie, com duas salas de tratamentos faciais e corporais de vinoterapia, cuja experiência pode incluir um chá com mistura de canela, amora, vinho tinto, zest de laranja e groselha preta. A boutique tem acesso direto para a rua de São Pedro de Alcântara, mesmo em frente ao ascensor da Glória, entre o Príncipe Real e o Chiado.

 

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