O novo hotel de Lisboa fica dentro da estação de comboios de Santa Apolónia

A Junior Suite Rosácea é o quarto mais elogiado do hotel. (Fotografia: DR)
Chegar do comboio e entrar num quarto de hotel é agora possível com o The Editory Riverside, o novo cinco estrelas criado na ala nascente da estação de comboios de Santa Apolónia, em Lisboa. Os mais curiosos podem conhecer o hotel numa visita guiada.

A entrada no The Editory Riverside Hotel é tão discreta que não deixa adivinhar a magnitude e beleza do átrio da receção. Ao centro, um balcão com malas de viagem a lembrar uma bilheteira; a subir, uma imponente escadaria em mármore; e no ar, o ruído da Avenida Infante D. Henrique. Não fosse a condição de um lugar de partidas e chegadas, pensar-se-ia que ouvir o burburinho exterior era um problema acústico. Mas numa estação com quase 160 anos de história não é defeito, é autenticidade.

Desde fevereiro que este novo hotel da Sonae acrescenta vivências à longa e rica história da estação ferroviária de Santa Apolónia, a primeira e mais antiga do país, inaugurada a 1 de maio de 1865, no reinado de D. Luís I. Construída no lugar de um antigo convento e então conhecida como Cais dos Soldados (pela vizinhança de um quartel de Artilharia), ligava Lisboa ao norte e a outras terras no estrangeiro, apesar de só ter ganhado ligação de autocarro com Santos nove anos depois de abrir.

Mais do que uma plataforma de comboios, Santa Apolónia foi palco de importantes momentos da História do país, como a partida de milhares de imigrantes na altura do fascismo em direção à Europa, EUA e Brasil; uma manifestação de apoio a Humberto Delgado, opositor ao regime; o regresso de Simone de Oliveira após ficar em penúltimo lugar na Eurovisão em Madrid; ou ainda o momento em que o Papa João Paulo II subiu a bordo de uma carruagem para uma viagem a Braga, em 1982.

Estas histórias e memórias coletivas dizem muito aos funcionários da ex-Refer que ali trabalharam longos anos. “Há quem fique de lágrimas nos olhos ao ver como recuperámos a estação. Muita coisa está igual”, diz a diretora Sónia Fragoso. Face à curiosidade dos passantes, o hotel começou também a fazer visitas guiadas. O projeto de arquitetura manteve tudo o que foi possível, desde a escadaria ao lambri encarnado do primeiro piso, e só a fachada neoclássica foi pintada de bordeaux.

A decoração conjuga malas e revistas antigas com mobiliário original e peças de antiquário; e nas paredes há fotografias tiradas a preto e branco. Este estilo clássico (e vintage) reflete-se nos 126 quartos, espaçosos e funcionais, com vista para a estação ou para o rio Tejo. A master suíte, no antigo gabinete do diretor da estação, tem um painel Viúva Lamego na casa de banho; e a junior suite rosácea, com um enorme vitral colorido, é de longe o quarto mais cobiçado (e fotogénico) do hotel.

Os hóspedes têm ainda uma sala de fitness aberta 24h e podem fazer refeições num bar-restaurante durante todo o dia, cuja cozinha imita uma bilheteira com a afixação de alguns destinos ligados à estação. Aí, brilha a equipa do chef André Silva, com pratos de inspiração regional, produtos sazonais e uma abordagem contemporânea. Além da aposta no serviço de vinhos há um bar com cocktails e todo o tipo de bebidas, que também contribui para dar nova vida à estação.

 

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