Da origem do Lawrence’s Hotel, a mestre em história contemporânea Maria de Fátima Teixeira escreve num artigo da “Revista de Portugal” que “a primeira referência chega de 1760”, sendo, à época, uma hospedaria gerida por uma sociedade de negociantes estrangeiros, que gostavam de “se retirar para locais mais aprazíveis durante o verão”. Mas foi, de facto, a família Lawrence que mais deixou marca no hotel, ainda que as circunstâncias da sua chegada à vila, perto de 1863, sejam pouco claras.
Já então o hotel era o mais visitado por viajantes de origem inglesa. Um deles foi Lorde Byron, eternizado num pequeno painel de azulejos numa das cinco suítes e que, segundo reza a lenda, terá escrito com um anel de diamantes, no vidro de uma janela, os primeiros versos do poema narrativo “Peregrinação de Childe Harold”. Frequentado desde cedo por homens das letras, negociantes, diplomatas e políticos, também hospedou Eça de Queirós, que inspirado pela paisagem sintrense acabaria por referi-lo como local da ação de “Os Maias”. À época, Eça foi acusado de caricaturar Bulhão Pato, cliente do hotel, como Tomás de Alencar.
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- Glauco Mansur é o responsável pelo marketing do hotel. (Fotografia de Rita Chantre)
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- (Fotografia de Rita Chantre)
Desde que abriu portas em 1764 – numa localização privilegiada a cinco minutos a pé do centro da vila, dos travesseiros da Piriquita e a caminho de Seteais -, o Lawrence’s conheceu muitos e diferentes proprietários, que sempre se esforçaram em manter o estilo romântico dos interiores. Foi com esse desígnio de continuidade que o brasileiro Ricardo Haddad, com negócios há três décadas em Portugal, o comprou em 2016. Para “restaurar o hotel, modernizar o necessário e fortalecer o nome e a relevância cultural”, conta o genro Glauco Mansur, a residir em Cascais e responsável pelo marketing da unidade.
Uma das iniciativas passa pelo Menu Queirosiano, que resgata algumas das receitas descritas por Eça de Queirós nos seus livros – o bacalhau à Alencar, assado no forno com broa, texturas de batata e coentros, é uma delas e está também no menu à la carte do restaurante -, e requer marcação prévia. “Também temos uma grande tradição de vinhos portugueses, incluindo os de Colares”, acrescenta Glauco. Provas de vinho, sessões de Fado e jazz às quintas-feiras à noite e eventos culturais de âmbito internacional também têm lugar, tal como o célebre chá da tarde.
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- (Fotografia de Rita Chantre)
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- (Fotografia de Rita Chantre)
Cada recanto do Lawrence’s Hotel tem o poder de transportar os hóspedes para um cenário de cinema ou literatura, revelando, em cada janela, bucólicas aguarelas dos vales, do Castelo dos Mouros e do casario de Sintra. O mesmo acontece no interior dos 11 quartos, todos dotados de banheira e, alguns, de lareiras, combinadas com mobiliário que Glauco e a mulher Susana têm vindo a resgatar a partir de uma lista de peças do hotel leiloadas em 1960. Glauco Mansur tem inclusive reconstituído a história do Lawrence ‘s Hotel através de postais antigos.
(Fotografia de Rita Chantre)
Longitude : -8.2245
