História e conforto num palacete-museu

Fotografia: Igor Martins/Global Imagens
Um antigo palacete de finais do século XVIII foi transformado num hotel-boutique, decorado à época, com pormenores deliciosos e peças de mobiliário que fazem voltar atrás no tempo. Mas sem perder o ambiente acolhedor de uma casa de família.

Maria Adelaide Oliveira abre a porta da sua casa como quem está a receber um amigo, de sorriso largo e acolhedor. O palacete da travessa de São Carlos está na posse da sua família há mais de 100 anos, e em junho abriu-se à cidade, para quem quiser dormir rodeado de história, ou apenas conhecer o espólio e as peças de arte da casa, datadas dos séculos XVIII e XIX.

“Sempre tivemos vontade de não estragar nem destruir a riqueza histórica que aqui está. A ideia sempre foi preservar, e as coisas foram evoluindo até ao conceito de museu onde se pode pernoitar, mas num conceito mais intimista”, explica Maria.

O passado fidalgo daquele imponente edifício, considerado Monumento de Interesse Municipal, não passa despercebido ao olhar atento. No topo da fachada exibe-se um monograma com a insígnia dos fundadores da casa, a família Pizarro Portocarrero. “Eram os mesmos proprietários do Palácio da Bandeirinha, ou Casa das Sereias, como é conhecido, e esta era a sua residência de inverno”, conta Maria.

Ao entrar, logo se dá conta da riqueza que recheia toda a casa: estuques decorativos, pinturas nas paredes e portas, mosaicos hidráulicos e peças de mobiliário que fazem voltar ao passado.

Uma bela escadaria em madeira, que não esconde as marcas do tempo, leva aos pisos superiores, adornada em cada patamar por pinturas murais, que representam ora um camponês, ora uma lavadeira, uma vareira, fiadeira… São assinadas por Manuel da Costa Carvalho e datadas de 1892. “Acredita-se que possam existir pinturas ainda mais antigas por baixo destas”, lança Maria Adelaide. Um mistério que os trabalhos de conservação e restauro – processo que demorou três anos e meio – mantiveram oculto.

Fotografia: Igor Martins / Global Imagens

O palacete tem quatro suítes disponíveis para os hóspedes, todas elas decoradas à época, com pormenores encantadores. É o caso da suíte panorâmica, um duplex com biblioteca privada no andar inferior, onde antes funcionava a antiga cozinha da casa, e que guarda ainda traços peculiares, como um louceiro escondido e uma pequena casa de banho na varanda. No quarto sobressaem as vigas em madeira no teto, originais da casa, e a coluna da chaminé em relevo numa das paredes.

Outra das divisões que mais encanta é o salão das andorinhas, como Maria chama à sala revestida a pinturas que remetem para jardins orientais. Ou ainda o salão nobre, que exibe no teto um belo trabalho em estuque, e pode ser usado para pequenos eventos e reuniões.

Em todo o edifício, o espólio histórico convive harmoniosamente com peças contemporâneas, para que além de história não falte conforto a um hotel que é também casa de família. Maria Adelaide e o marido vivem no palacete, por isso a cozinha é partilhada, e é lá que são servidos os pequenos almoços, recheados de mimos caseiros.

Fotografia: Igor Martins / Global Imagens

Para trás do edifício estende-se ainda um agradável jardim – onde brevemente será instalada uma banheira de hidromassagem -, com frondosas árvores, gatos amistosos a dormir ao sol, e duas grandes palmeiras. “Eram imponentes”, lembra Maria. Uma tempestade fez cair a rama, mas ficaram os troncos ao alto e a lembrança querida que deu nome ao hotel.

 

Espaço Palmeiras
Travessa de São Carlos, 7 (Cedofeita)
Tel.: 914551771
Web: espacopalmeiras.pt
Suíte a partir de 170 euros (pequeno-almoço incluído)




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