Figueira da Foz: charme renovado num dos mais antigos hotéis do país

Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens
Entrar naquele n.º 50 da Rua Miguel Bombarda é fazer uma viagem pela história da Figueira e do país, desde 1904 até aos nossos dias. Cada um dos pisos é uma homenagem ao tempo e ao modo como outrora se vivia na Biarritz portuguesa.

Foi um acaso da vida que fez Teresa Leão Costa cruzar-se com aquele edifício da Rua Miguel Bombarda, outrora conhecida como «rua dos banhos». Fundado em 1904, o Hotel estava então nas mãos da diocese da Guarda – a quem os antigos proprietários o legaram. Naquele 2013 de agitação social no país, o clero que detinha o espaço pretendia dar-lhe novos donos.

Era a fase da vida em que Teresa queria outro rumo profissional, apoiou-se na família e seguiu viagem: «imaginei a requalificação do hotel no seu todo. A minha vontade era a de fazer algo diferente na Figueira. Algo completamente novo». E assim foi. Em 2015, Teresa Leão Costa inaugurou o único Boutique Hotel da Figueira da Foz, com 29 quartos distribuídos por quatro pisos temáticos: Casino e Glamour, Tertúlias e Recitais, Praias e Banhistas e ainda Famílias.

Entrar no Universal é percorrer um caminho de muitas décadas pela história da Figueira e do país. Afinal, aquele foi apenas o hotel número 17 a ser registado em Portugal. Os recortes de jornal emoldurados são retalhos da vida do «Grande Hotel Universal», como então se chamava. De modo que os hóspedes ficam a saber que o casal Francisco da Costa Ramos e Teresa da Conceição Xavier Neto esperaram dois anos entre o pedido de construção e a inauguração do edifício, em 1904.

Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens

Teresa Leão Costa faz hoje jus a uma história marcada por um forte empreendedorismo feminino. O hotel seria dirigido durante os primeiros anos por uma mulher, Maria da Encarnação Alves de Sousa Vieira. Era a viragem do século e as conquista dos primeiros direitos para as (poucas) mulheres que ousavam trabalhar.

E era também a aristocracia que começava a descobrir a Figueira da Foz para ir a banhos, de dia, e para mergulhar em tertúlias, fados e guitarradas, à noite. Se percorrermos em silêncio o corredor do piso 2, com os olhos postos na fotografia que o transporta para esse tempo, quase se ouvem as teclas do piano.

Pastel de Lavos. (Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens )

Imaginamos ali o maestro David de Souza, no violoncelo, que hoje dá nome a uma das salas de eventos. O mesmo acontece no piso 1 (Casino e Glamour), em memória dos grandes bailes do Casino da Figueira; ou no piso 3 (Praias e Banhistas), em que tudo nos leva para esses anos dourados da Praia da Claridade. No quarto e último piso, o número de quartos diminui, pois que cada um tem o charme dos cómodos assotados.

As varandas mostram o casario da Figueira em todo o seu esplendor. Dali é fácil chegar à foz do Mondego, à marginal oceânica ou à praia da Claridade. Ou tão-só aproveitar a tranquilidade do salão, saborear um chá de lúcia-lima e acompanhá-lo por um pastel de Lavos.

 

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