Eça Agora: cultura e charme numa casa das letras

Guesthouse Eça Agora!, em Vila do Conde. (Fotografia de Igor Martins/Global Imagens)
O autor d’ Os Maias viveu aqui em frente e inspirou a Guest House Eça Agora. No centro histórico da cidade, espaço e conforto aliam-se à literatura para uma viagem pela terra que inspirou tantos escritores.

É nos detalhes que está a alma da guesthouse Eça Agora, que Alexandra Rei Lima abriu, em julho de 2019, num solar de 1937 completamente renovado, na velhinha Rua da Costa, a dois passos da igreja Matriz, em pleno Centro Histórico de Vila do Conde.

Ali em frente, um antigo azulejo pintado à mão, encastrado numa fachada, não engana: “Eça de Queiroz viveu nesta casa os primeiros anos da sua vida”. Alexandra, que o via todos os dias da janela, deixou-se inspirar. O gosto pelas viagens, a paixão por Vila do Conde e a vontade de a mostrar, o “desconforto” dos quartos de hotel, sem luz natural, pequenos e impessoais”, assim como aquilo a que chama “defeito de profissão” (por ser arquiteta) fizeram o resto. E diz que o trocadilho com a expressão (“essa agora!”) lhe ocorreu espontaneamente.

“Gosto de conhecer o mundo e Eça foi, sem dúvida, um homem do mundo no século XIX”, assinala. Haveria ainda outro motivo para o nome e, sobretudo, para o tema: “Vila do Conde está umbilicalmente ligada à literatura”, afirma. De facto, José Régio nasceu ali a 400 metros ( onde hoje está a casa-museu); Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Guerra Junqueiro e Ruy Belo viveram também na cidade.

À entrada, encontra-se uma biblioteca, como não podia deixar de ser. Há livros de Eça em português, francês, inglês, italiano, uma vez que 95% dos hóspedes são estrangeiros. No hall, na parede, está gravado o contrato de compra d´Os Maias. Nas escadas, uma corda substitui o gradeamento do corrimão e a lembrar que aquela é terra de pescadores. Os quartos – cinco e todos diferentes – receberam, cada um, o nome de um livro do escritor.

Quem entra, sente Eça em cada canto: há o referido livro na mesinha de cabeceira, puxadores em vidro, móveis do século XIX, louças antigas, e um o ambiente vintage em geral. Em todos os quartos, há um espaço para escrever, um canto para ler e uma janela para desfrutar. O chão é em cortiça, há ramos de eucalipto transformados em roupeiros, fotografias da Vila do Conde de outros tempos, azulejos antigos com ditados populares ou frases de Eça, e, acima de tudo, amplidão.

Cada quarto tem a sua cor, decoração e caráter. N’ “O Mandarim”, por exemplo, há uma janela para a estreita e secular rua da Costa. N’ A Capital, há vista para o jardim e, n’A Relíquia, duas cadeiras em frente à janela convidam a apreciar a Igreja Matriz, o Mosteiro e a Igreja de Santa Clara, o Aqueduto e o casario da cidade. N’ O Egipto, o Mosteiro vê-se da cama e, n’ Os Maias, há uma claraboia com segredos para descobrir.

Todos os quartos têm casa de banho privativa e kitchenette. “São quartos de estar e não só para dormir”, salienta Alexandra. Por essa razão, há sempre flores frescas numa jarra, uma garrafa de vinho e doces conventuais a receber os hóspedes. E livros, claro.




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