Nascido em Lisboa há 36 anos, Rúben Trindade Santos descobriu a apetência pela cozinha na adolescência, tirou o curso no Estoril e entrou rapidamente no circuito das casas Michelin, com o privilégio de acompanhar chefs como Fausto Airoli, João Rodrigues e Nuno Mendes. Durante seis meses percorreu de mochila às costas quase dez países da América do Sul, até regressar a Lisboa e conhecer a brasileira Michele Marques, 40 anos, com quem se casou. Pouco depois juntou-se ao restaurante Mercearia do Gadanha, que a mulher abrira com o sócio Mário Vieira.
No verão de há dois anos, abriram a Casa do Gadanha, a poucos metros a pé da Mercearia (já eleita um destino gastronómico na cidade branca de Estremoz), concretizando o sonho antigo de Michele em ter uma casa para receber hóspedes com igual “amor e dedicação”. É a ela que Rúben dedica grande parte dos dias, trabalhando com produtos regionais e sazonais para levar à mesa uma proposta “regional” com uma “abordagem internacional”, que muito deve às suas viagens e experiências de cozinheiro. Além de à la carte, há dois menus de seis e oito passos.
Sem distinguir entradas de pratos principais e apelando à partilha como nas tradicionais mesas alentejanas, o chef acena com tártaro de atum com emulsão de ostra e muxama de atum; ovos de codorniz com gamba da costa e caviar; beringela com mel e especiarias, chimichurri, molho de iogurte e cajú; e pescada de anzol com lingueirão à Bulhão Pato e acelgas, entre outros. Há uma aposta nos vegetais e no peixe e o cuidado de o pão do couvert ser feito na casa, assume o chef, que é coadjuvado por Francisca Dias, sagrada finalista no concurso Chefe do Ano 2024.
A atenção aos pormenores estende-se aos 12 quartos nos pisos superiores da casa senhorial, cujos azulejos e escadaria em mármore e ferro se recuperaram. O interior, de um “minimalismo nórdico com cunho alentejano”, eterniza expressões alentejanas como “vagar” e “fazer as onze” e oferece amenities orgânicos da marca portuguesa Águamole e um roupão perfumado por um ramo de alfazema. Os clientes podem gozar ainda de uma sala de estar com máquina de café.
Todas as manhãs, o chef brinda-os com uma tosta, iogurte e bolo, entre outros mimos caseiros. No último piso, acrescentado ao edifício original, estende-se o terraço da casa, preparado para servir petiscos e bebidas durante a tarde, como as pizas artesanais do chef (também vendidas para fora). A esplanada, debruçada sobre o centro histórico, deverá acolher sessões de música ao vivo abertas aos passantes, nos fins de tarde. De uso exclusivo dos hóspedes é o pequeno tanque de refrescamento, vital para os dias de calor impiedoso. Fora da Casa do Gadanha há ainda um universo de experiências, como visitar a adega Monte Branco ou o Museu Berardo.
Longitude : -8.2245