Na Quinta de Ventozelo dorme-se num antigo balão de vinho

Ventozelo Hotel & Quinta (Fotografia: Luís Ferraz)
É um hotel rural, mas acima de tudo, uma quinta com caráter, onde se valoriza a história e o património, numa espécie de ode ao Douro e às suas gentes. Ali ouve-se o silêncio, veem-se as estrelas e sentem-se os sabores e aromas da terra.

Um azul vibrante tinge as portas dos armazéns e da adega da quinta, inconfundíveis na paisagem, mas harmoniosamente encaixadas naquele quadro de encostas talhadas, rio e céu. É o Azul de Ventozelo, o mesmo que dá nome e cor ao rótulo de dois dos vinhos da propriedade. Simboliza a tranquilidade e frescura que se encontram tanto no copo como em qualquer recanto daquele pedaço de terra, onde o tempo parece correr mais devagar.

A Quinta de Ventozelo, uma das maiores e mais antigas do Douro – ocupa uma área total de 400 hectares e os primeiros registos remontam a 1500 -, foi adquirida pela gigante Gran Cruz em 2014. “Um feliz encontro”, assume Jorge Dias, diretor-geral da produtora, que permitiu à empresa começar a produzir as próprias uvas e estar presente em todas as etapas da fileira vitivinícola.

A este passo na produção juntou-se um ambicioso projeto de enoturismo, sob o lema “o Douro numa quinta”, focado em aproveitar todas as potencialidades da propriedade histórica, mantendo o espírito de uma tradicional quinta duriense.

A missão de tirar o maior partido da riqueza de Ventozelo fez iniciar um processo de reabilitação dos edifícios, dando-lhes um novo propósito – o de alojamento -, sem perder a autenticidade ou esquecer a história daquelas paredes em xisto caiado.

Contam-se 29 quartos no total, decorados com uma simplicidade encantadora, de traço rural e janelas abertas para o vinhedo. Estão dispersos por sete casas, como os cardanhos, onde antigamente dormiam os trabalhadores da quinta, uma pitoresca casa do Rio, ou até em dois balões, antes utilizados para o armazenamento de vinho e que foram transformados e equipados com todas as comodidades – até um chuveiro exterior, para um duche sob as estrelas.

A intenção é que “os visitantes sintam e vivenciem o ambiente de quinta”, lembra Jorge Dias. Por isso, todos são convidados a participar nas atividades agrícolas, e além disso, não existe uma wine shop, mas antes uma mercearia, onde aos vinhos se juntam também outros produtos de Ventozelo, como o azeite, amêndoas, limões e outros frutos da época. Os mesmos que abastecem a cozinha do Cantina de Ventozelo, o restaurante da quinta, comandado pelo chef Miguel Castro e Silva, cujo plano é recuperar os sabores autênticos da região, valorizando os produtos locais, em pratos de conforto.

No complexo foi ainda criado um Centro Interpretativo, dedicado à história da quinta e do Douro Vinhateiro. Um espaço multissensorial, com quadros interativos e até uma câmara do silêncio, onde se é envolvido pelos sons característicos de Ventozelo. “É um lugar para ajudar as pessoas a perceber o que é o Douro: uma história de homens e de mulheres, que é quase uma epopeia humana”, assume Jorge.

Dali, para uma completa imersão no território, sugere-se um passeio pela propriedade. Existem sete percursos pedestres, com diferentes graus de dificuldade, que ora atravessam as vinhas, ora se embrenham na mata, habitada por colónias de javalis e outros animais, amparados por rios e ribeiros, e até um antigo moinho. No extremo mais elevado da propriedade, a 600 metros de altitude, um promontório abre panorama sobre toda a Quinta de Ventozelo, o vale, o rio Douro e até a vila do Pinhão ao fundo. Paisagem que enche a vista, tanto mais quanto banhada pela luz do pôr do sol.

Jardim das aromáticas
No jardim das aromáticas, à entrada da quinta, estão representadas todas as ervas que compõem o Gin de Ventozelo. O destilado, feito a partir dos vinhos da quinta, foi desenvolvido com um blend de plantas aromáticas existentes na propriedade.

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