Crítica de Fernando Melo: Brasão Cervejaria Foz, no Porto

(Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)
É o benjamim da família de luxo que Sérgio Cambas soube construir com a sua marca e tal como nos dois “irmãos” mais velhos, a Brasão Cervejaria Foz é lugar de festa em modo chique. No entanto, tudo é popular, acessível e ligeiro, cardápio de truz orientado para a cerveja e para o tempo bem passado.

O meu batismo de churrasco americano aconteceu há exatamente 30 anos, numa viagem profissional a Palm Springs, Califórnia, para apresentar uma comunicação numa palestra, exigências da minha atividade científica de então. Ruas com sete vias para cada lado, quarteirões trinta vezes maiores que os de Lisboa, senti-me completamente perdido num mundo de que nunca sequer tinha ouvido falar. A minha filha mais velha nasceu ligeiramente antes do previsto e isso foi suficiente para me ter feito viajar quatro dias apenas após o nascimento dela, quando podia ter sido uma semana depois de voltar.

De repente, calhou ir com um amigo a um dos Tony Roma’s Prime Ribs para a minha primeira experiência. Centenas de pessoas animadas, a carne comia-se essencialmente com as mãos, assim como o bloco de cebola frita de um quilo que nos foi posto na mesa. Gostei e pensei por que não tínhamos nada sequer parecido com aquela fórmula em Portugal. Quando visitei o Sérgio Cambas na primeira Brasão – Aliados – senti o mesmo frémito, lugar telúrico de sabores fantásticos. Viria a abrir depois a do Coliseu e agora esta, no coração da Foz, onde fui dar com o chef Rui Martins, a um tempo diretor técnico de todos os restaurantes do grupo Cambas e chef executivo do prodigioso Paparico, prestes a reabrir.

(Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)

Tinha de começar pela cebola frita com maionese de alho-negro (5,50 euros), apresentação excecional e civilizada, tudo preparado para delicadamente comer à mão, dip maravilhoso. Má sorte não ter levado um tupperware para trazer uma dúzia – pelo menos – de rissóis de carne, cogumelos e trufa (2,20 euros), merece altar esta criação, de fina e sápida que é.

A salada de polvo com molho verde (6,90 euros) é arriscada, porque uns gostam que se desfaça na boca, outros querem sentir bem a textura, felizmente para mim aqui é assim que a fazem. Gostar de polvo tem imperativos destes, e ainda bem. Falando de texturas, finíssimas as folhas de arroz que compõem o couvert (1,60 euros), felizes as alcaparras a as azeitonas descaroçadas servidas. A francesinha no forno (10 euros) é uma boa opção, mas o pica-pau (12 euros) não lhe fica atrás. Ambos pedem e merecem cerveja, Rui Martins tem a estratégia espantosamente bem definida.

(Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)

O bife tártaro (17 euros) vem em formato pré-mistura, fresquíssimo, somos nós que o finalizamos. Trabalha-se com boa carne de bovino, não se trabalha com carnes maturadas, nem aqui nem na suculenta secção de bifes. Foi no tártaro que percebi que funcionava melhor a cerveja que o vinho e assim tudo correu melhor, Sovina Weiss a cumprir bem. Grande experiência, sofisticação de mãos dadas com a ciência culinária. Para voltar por exemplo todos os dias.

 

Avaliação

Sítio: 5/5
Serviço: 4/5
Comida: 4,5/5

 

A refeição ideal
Croquete de carne com queijo (2 euros)
Rissol de carne, cogumelos
e trufa (2,20 euros)
Cebola frita com maionese
de alho-negro (5,50 euros)
Bife com queijo serra da Estrela (17 euros)
Pudim de queijo (4,50 euros)

 

Brasão Cervejaria Foz
R. Gondarém, 487, Porto
Todos os dias, das 12h às 15h e das 19h às 23h
Tel: 934113658
Preço médio: 19 euros




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