12 whiskies single malt para diferentes estilos

Está quase tudo na água de nascente com que se prepara o malte que depois fermenta e destila por mãos sábias e patrimoniais nas principais destilarias da Escócia. O whisky single malt é uma das mais puras bebidas do mundo e, ao mesmo tempo, uma das suas maiores expressões de terroir.

Dizer como se deve servir um whisky é começar uma história pelo fim, mas é também o apelo mais importante a que pare de se utilizar gelo para o servir. É verdade que se tem normalmente as melhores garrafas numa espécie de expositor em casa, que ao longo de mais de metade do ano está demasiado quente para servir sem recorrer à variante on the rocks, mas o ideal é justamente tê-las numa despensa fresca. Isso e ter uma boa água no frigorífico entre 2 e 5 graus centígrados para, no momento de servir, fazer abrir aromas e sabores de cada whisky pela ligeira adição de água a temperatura semelhante à que passa pelas destilarias escocesas. É um prazer que se aprende e que não se dispensa mais, revelando a excelência contida em cada garrafa de single malt.

O malte é produzido por germinação de cevada em águas de grande pureza, depois é levado a secar por queima de turfa da mesma zona, conduzindo por destilação aos grandes padrões de gosto. O mais consensual será porventura o single malt de Speyside, o menos duro, abundante em notas cremosas, baunilhadas e frutadas. Das terras mais altas – Highlands – saem whiskies de grande profundidade, já marcados por turfa e tostados, enquanto das Lowlands provêm os mais elegantes e femininos, muito aromáticos. Fortes e pungentes são os de Islay – pronuncia-se «aila» – que estão atualmente na moda e que estamos a aprender a apreciar. De Campbeltown e das ilhas mais pequenas vêm autênticas relíquias que apuram o sentido da descoberta e nos fazem fixar em marcas que vamos querer ter sempre à mão. Muito por onde escolher, excelente presente do dia do Pai, por isso propomos whiskies por grupos de preferência. Boas escolhas!

 

O pai Speyside, adepto da partilha

Os whiskies das destilarias desta região têm baunilha e mel como notas frequentes e transportam muitas das caraterísticas das madeiras em que estagiaram. São de longe os mais conviviais, pelo que o «pai speyside» gosta particularmente de oferecer e acompanhar whisky com os amigos e visitantes. Corresponde à maioria das destilarias de single malt e tem eco direto no mercado, não há quem não goste. Curiosamente, mesmo entre os adeptos fervorosos dos perfis mais austeros está sempre o pai de todos, que gosta mais de ver sorrisos na cara do que rugas na testa, o que facilmente se compreende. Ali vão ter barricas usadas onde já estagiaram bebidas tão diversas quanto vinho do porto, xerez e vinho da Madeira, impregnando com as essências que trazem inscritas nas aduelas os whiskies que nelas estagiam. É sempre um regalo beber um bom Speyside nos diversos momentos de consumo. É por isso a opção certa para o pai que bebe ocasionalmente e que gosta de partilhar.

 

O pai peaty, amigo dos sabores fortes

«Peaty» quer dizer «turfa» e corresponde ao grupo de aromas fumados e de carvão que identificamos facilmente nos single malts de Islay (não esquecer de dizer «aila»). Quem gosta de virilidade e fortaleza numa bebida é cliente da variante peaty, para muitos fãs é mesmo o ideal para um charuto forte como um torpedo. O «pai peaty» é, por isso, um pai hedonista, que gosta da exploração individual e do silêncio que ela proporciona. A família, de resto, normalmente não comunga da paixão pela turfa queimada exalada por um bom Islay, pelo que o pai a quem for oferecido vai perceber que é verdadeiramente para seu prazer que os filhos lhe estão a dar a garrafa naquele que é o seu dia. A diluição deve ser o mais moderada possível, apenas a suficiente – mas necessária – para tirar da bebida o manancial fumado que integra a personalidade do whisky. É também no caso dos Islay que uma só pedra de gelo pode arruinar o prazer de beber. O nosso presunto transmontano, fumado e bem seco, adora este estilo.

 

O pai chocolate

Por vezes esquecemo-nos do óbvio, quando adoçar a boca ao pai é tão importante, em jeito de recompensa pelo muito que se recebe. Não é um apelo nem incentivo à gulodice, muito menos «comprar» afetos e outros atos que não têm preço, mas antes proporcionar com chocolate uma prova menos óbvia e momentos inesquecíveis, que para mais podemos nós próprios partilhar com o pai. Começa no chocolate branco, simples, e vai até aos rigores do cacau acima de 70%, no injustamente conhecido como chocolate amargo. Tal como o vinho e o whisky, o chocolate é um produto de origem e há que procurar o estilo que mais se adequa ao nosso palato. E há que ter em conta que um simples 60% pode ser bem mais amargo do que um 100%, o segredo está na fava que o originou e na arte de quem o produziu. Certo é que, quando provados em simultâneo, chocolate e whisky podem ser uma experiência digna dos deuses. E para o pai mais renitente quanto a consumo de álcool, o chocolate é um ótimo desbloqueador de receios. Por isso, presente duplo aconselha-se. E, já agora, prova de grupo.

 




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