10 vinhos para acompanhar doces por Fernando Melo

Pudim Abade de Priscos (Fotografia de Paulo Jorge Magalhães/GI)
Ainda há pouco tempo era normal servir um licor ou um vinho doce com a sobremesa. Esse hábito desapareceu numa geração apenas, o que é lamentável. A verdade é que continua a fazer todo o sentido chegar à doce terminação com... a doce harmonização.

Os minúsculos copinhos que encontramos nos cantos das vidraceiras de casa da avó ou tia-avó são hoje meras curiosidades, senão mesmo brinquedos para os mais novos. No entanto, há apenas algumas décadas vinham para a mesa, e eram cheios com uma bebida que tinha capacidades digestivas e ligavam maravilhosamente com a doçaria do termo da refeição. Sabemos que mudou tudo, principalmente no nosso gosto, e a sobremesa perdeu o lugar que outrora lhe dávamos. Mas podemos utilizar esse conhecimento empírico que está na arte de hidratar a doçaria no palato com o vinho certo para casar com alguns doces. Apontamos alguns, que devem ser entendidos como famílias de doces, e sugerimos pontes para provar. Propomos-lhe, por isso, um estágio de experiências, para que possa tomar decisões acerca do que melhor lhe sabe. Na doçaria, é difícil haver uma má experiência, mas procure a excelência, mais que a experiência. Boas provas!

 

Com Tarte de Maçã

Casa das Buganvílias Loureiro Verde branco 2018 (12,2%) – 5,20 euros – Avaliação Evasões 16,5

São várias as formas de fazer uma tarte, olhamos para a mais frequente, base cozida e impregnada pelo creme e sucos da maçã, resultando em impressões doces e ácidas ao mesmo tempo. Este Loureiro consegue integrar e entrar em ambas as frentes, criando impressão agradável na boca.

 

Com Pastel de Nata

Alambre 20 anos Moscatel Setúbal (18%) – 24 euros – Avaliação Evasões: 16

 

Contrariando um pouco a opinião geral, é um dos bolos menos calóricos da pastelaria portuguesa. Assenta numa base folhada seca e crocante, conteúdo quase líquido e doçura moderada. O brilhante moscatel que propomos tem a acidez necessária para fazer o corte das texturas presentes, e a doçura do bolo e do vinho desmaiam uma na outra.

 

Com Chouriço Doce de Sangue

Alorna Abafado 5 Years Tejo branco (17,5%) – 6 euros – Avaliação Evasões: 16

Feito com 100% de Fernão Pires, além de clássico este abafado é uma combinação improvável, por isso mesmo o propomos. O primeiro efeito é espevitar as especiarias presentes, para logo a seguir resolver a proteína animal presente e corresponder à crocância da pele. Servir a não mais de 16ºC.

 

Com Pão de Ló

Quinta do Gradil Chardonnay Lisboa branco 2017 (13,5%) – 6,5 euros – Avaliação Evasões: 17,5

Estamos a pensar no pão de ló tradicional, que é seco e tem mais interstícios que massa. Os ingleses chamam-lhe sponge cake, o que dá uma ideia do ar cativo dentro do bolo. As tonalidades doces e de ovo encontram ponte francamente feliz com este chardonnay.

Com Duchesse

Campolargo Espumante Bairrada rosé 2015 (11,5%) – 15 euros – Avaliação Evasões: 17

Não é inteiramente nosso mas adoptámo-lo desde sempre e é um clássico da pastelaria mundial. Massa choux muito fina, recheada com chantilly pede um espumante como este 100% Pinot Noir de um dos grandes criadores nacionais de vinhos espumantes. As finas bolhinhas penetram na perfeição no creme emulsionado, criando um ambiente de grande ligeireza.

 

Com Macarrons

Alvada 5 Years Rich Madeira (19%) – 14 euros – Avaliação Evasões: 16,5

Lote de Malvasia e Bual, no que é um dos vinhos de maior sucesso da Blandy’s, apesar de relativamente recente no mercado. Reage e hidrata bem a amêndoa de que as duas metades exteriores são feitas, e abordam com eficácia praticamente todos os recheios.

Com Pudim Abade de Priscos

Vista Alegre 40 years old White Port (20%) – 100 euros – Avaliação Evasões: 17,5

Este pudim está sempre na ordem do dia e é dos poucos produtos de pastelaria feito para cozinheiros e não para pasteleiros. Uma das partes mais importantes é a extracção lenta da gordura animal do presunto fumado que lhe está na base. Bem executado, comporta-se como um prato completo e este supervinho do Porto vai acompanhar bem.

 

Com Pastel de Feijão

Lagoalva Licoroso Abafado Tejo (20%) – 8 euros – Avaliação Evasões: 18

Não é dos vinhos mais fáceis de encontrar mas vale bem a demanda, especialmente se a missão da prova incluir o fabuloso pastel de feijão do chef António Amorim, perfeito em todos os aspetos, principalmente equilíbrio. Tem doces e amargos, estes sugeridos pela leguminosa que dá nome ao bolo, e casa para sempre com este vinho brilhante.

 

Com Pavlova de Morango

Assobio Douro rosé 2018 (13%) – 5,5euros – Avaliação Evasões: 17,5

Composto por Touriga Nacional, Tinto Cão, Tinta Roriz, Rufete, bom trabalho enológico do projeto duriense do Esporão, este vinho gosta do ambiente de frutos vermelhos de arbusto e a frescura que apresenta configuram-no para o corte da base suspirada da pavlova. Difícil é conter a gula.

 

Com Cavacas de Resende

Ferreira Tawny Porto (19,5%) – 6 euros – Avaliação Evasões 18

Vinho do Porto para ter sempre à mão, é uma solução multiusos no tocante a harmonização com doçaria tradicional, incluindo alguma conventual. A fatia húmida coberta com açúcar glacé que é a fatia – ou cavaca – de Resende, ganha tratamento de luxo. E nós também.

 

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