As viagens de Filipe Morato Gomes, blogger profissional

Autor do blog Alma de Viajante (almadeviajante.com), Filipe Morato Gomes foi um dos primeiros, senão o primeiro, blogger de viagens profissional no país. Passa grande parte do ano na estrada, já deu mais do que uma volta ao mundo, mas não se queixa, bem pelo contrário: «Estou sempre a sonhar, planear e idealizar viagens».


Fazes ideia de quantos países já visitaste?

Não sei o número exato, mas devo estar quase a chegar aos 100 países.

Três destinos e um povo que te tenham marcado especialmente…
O Irão, onde já fui 21 vezes, por ter o povo mais hospitaleiro com quem tive oportunidade de privar. A Nova Zelândia e, mais recentemente, a Islândia, pela sua incrível beleza natural. E ainda a Mongólia, outra das minhas paixões.

Viajas muito sozinho, mas também em família. São as duas melhores formas de viajar?
Se tiver de escolher, prefiro viajar sozinho e, de preferência, por longos períodos de tempo. É quando estás mais disponível para absorver tudo, para te entregares de corpo e alma a um lugar. A viagem em família, com crianças, é igualmente enriquecedora, até porque “dar mundo” aos meus filhos é algo de que não abdico. É um tipo de viagem muito mais desafiante, e é preciso ajustar as expectativas para evitar a frustração.

Continuas a ter o chamamento da viagem ou de vez quando pensas assentar?
«Enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar…” – não me ocorre forma melhor de dizer que há tanto mundo para descobrir que não me passa pela cabeça “assentar”. Estou sempre a sonhar. planear e idealizar viagens. A minha lista de destinos para 2019 é tão grande que vou ter de “descer à terra” e moderar os meus ímpetos.

O teu quartel-general continua a ser Matosinhos. Se tivesses de viver noutro sítio, qual seria?
Durante muito tempo pensei que o Brasil poderia vir a ser a minha segunda pátria, mas hoje em dia estou certo de que escolheria um local no Sudeste Asiático. Talvez Bali, por ter um equilíbrio ímpar entre qualidade de vida, cultura, beleza, espiritualidade, custo de vida aceitável e condições perfeitas para o meu trabalho de blogger de viagens. Ou então noutro recanto mais tranquilo da Indonésia, junto ao mar, que ainda hei de descobrir.

Como é que te defines enquanto viajante?
Sou um viajante ponderado. Nem demasiado aventureiro nem demasiado cauteloso. Gosto de planear e de saber ao que vou, até para não cometer erros de comportamento grosseiros que podem ofender, sem intenção, os locais; mas é do improviso que nascem muitas vezes as melhores experiências de viagem. Essa é uma das razões para preferir viagens longas, onde há mais tempo para deixar fluir, para o improviso.

Conta-nos um daqueles episódios que só acontecem aos verdadeiros viajantes.
Na primeira viagem que liderei para a (agência) Nomad, à Mongólia, ficámos com o carro atolado no leito de um rio, perdidos no meio das estepes. Tivemos de pernoitar na margem com um vento infernal, enquanto o condutor foi procurar ajuda junto de uma família que morava a alguns quilómetros e que teria uma mota com a qual poderia ir até à cidade mais próxima tentar arranjar um jipe para nos tirar dali. Demoraram mais de 24 horas a chegar, numa altura em que o grupo começava a dar sinais de impaciência. Foi um bom batismo para a atividade de líder de viagens.

Interages muito com a população local. É fundamental para se conhecer um destino?
Sim, porque são as pessoas que fazem os lugares. Há poucas coisas que me dão mais prazer em viagem do que ser convidado para ir a casa de alguém tomar um chá, conhecer a sua família ou simplesmente, comunicar.

Também já fizeste viagens de autocaravana…
As viagens de autocaravana são perfeitas para fazer com os miúdos. Já fiz na Austrália, Nova Zelândia, Portugal e a Islândia, e recomendo vivamente. Não são, no entanto, a minha forma favorita de viajar: sempre que possível, viajo de transportes públicos, porque permite um contacto muito mais estreito com as pessoas e a realidade local.

Portugal continua a ser um destino que te interessa?
Cada vez mais. Quanto mais viajo mais tenho a certeza que Portugal é um destino extraordinário, que combina, num curta espaço geográfico, uma diversidade imensa ao nível cultural, paisagístico e gastronómico. De Trás-os-Montes ao Alentejo, passando pelos Açores, somos um país abençoado.

 

Três perguntas rápidas a Filipe Morato Gomes

Qual a próxima viagem?
Marrocos (em família) e depois Tanzânia.

Um sítio onde ainda não estiveste, mas que queiras muito visitar?
Tenho uma lista imensa de destinos onde quero muito ir (e vou!), no topo da qual estão países como o Uzbequistão, o Quirguistão, o Sudão, a Etiópia e o Paquistão; ou destinos distintos em países onde já estive, como o Ladakh (Índia) e a ilha de Sulawesi (Indonésia).

O que é nunca pode faltar na tua mala de viagem?
As minhas havaianas. E, claro, para o bem e para o mal, uma máquina fotográfica e o computador portátil (é o preço a pagar por fazer da escrita de viagens profissão).

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