As viagens de…The Legendary Tigerman

O músico Paulo Furtado (The Legendary Tigerman) tem na estrada (e no carro) dois dos aliados para compor e observar o mundo. Gosta de percursos menos óbvios, de se perder, mas assume que é obsessivo no planeamento dos roteiros.

“Conceptualmente, não queria apenas escrever mais um disco, queria que estas canções nascessem na estrada, influenciadas por tudo o que ia vendo e sentindo na viagem. A estrada é muitas vezes suja, perigosa, excitante, inspiradora, há que estar alerta.” As palavras estão no texto de lançamento do mais recente álbum de The Legendary Tigerman (Misfit) resultado de uma road trip pela “América”, entre Los Angeles e Death Valley, no deserto de Mojave.

O músico que nasceu em Moçambique e cresceu em Coimbra assume sem pudor o fascínio pelos Estados Unidos, um país com “muita poesia de beira de estrada, mesmo no seu lado mais negro”. O destino perfeito para viajar de carro. Mais do que um meio de deslocação o automóvel é para si “uma das melhores formas de observar o mundo. Podes parar quando quiseres, em sítios menos óbvios, sobretudo quando vais pelas estradas nacionais”.

“Nos Estados Unidos ouço muita rádio, sobretudo a Onda média, que a rádio americana continua a ser excitante, mas também faço playlists. Outras vezes viajo em silêncio”.

Sítios onde a vida (também) acontece, não só nos Estados Unidos, mas em qualquer país, Portugal incluído. “Na nacional 1, por exemplo. O ritmo é outro, a realidade às vezes parece ter congelado. Gosto de ter a possibilidade de gerir o meu tempo, parar quando me apetece, ter tempo e espaço para o inesperado”. O nosso país pode não ter a tem a dimensão (e o frisson) dos Estados Unidos, mas tem também uma poesia própria. “Adoro viajar de carro no Douro e também gosto muito do Alentejo Interior, do Alto Alentejo, da Costa Alentejana, é fantástico como num país tão pequeno podes fazer tão grandes viagens”.

Om músico garante que, em tournée, não há tempo para ver nada. “Vemos as salas de concertos e pouco mais. São viagens mais fechadas no próprio grupo”.

O músico garante que, em tournée, não há tempo para ver nada. “Vemos as salas de concertos e pouco mais. São viagens mais fechadas no próprio grupo”.

Não se pense, contudo, que deixa a preparação ao acaso. Bem pelo contrário. “Confesso que sou um bocadinho obsessivo. Planeio tudo de forma a ter tempo para me perder, mas sei sempre onde vou dormir, sobretudo nos Estados Unidos. À beira da estrada aquilo que de dia parece normal à noite pode ser um local de tráfico ou prostituição. Na Europa não há tanto esse problema, é tudo mais certinho”. Paradoxalmente uma das suas viagens de sempre foi “de Portugal à Suíça, numa autocaravana”, com a irmã. “Passamos por sítios incríveis”.

Aliás, foi no Velho Continente que tudo começou. De carro? Não, de comboio, que aos 15 anos ainda não tinha idade para conduzir. “Fiz o primeiro interrail aos 15 e depois repeti aos 17. Também tenho um fascínio por comboios, na verdade. Passas por sítios que de outra forma nunca passarias. Nem de carro”.

Marrocos, como não poderia deixar de ser, também está no topo das suas viagens. Fez uma road trip entre Tanger, Fez, Rabat e Casabalanca.

E trocar a estrada por um resort, será que já aconteceu? Quem nunca cedeu à tentação que atire a primeira pedra. “Aconteceu duas vezes. Precisava mesmo de descansar, de estar em silêncio”. Independentemente do destino, do tipo de alojamento e do meio de transporte, o que nunca pode faltar na mala é uma máquina fotográfica e um bloco de notas.

 

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