As viagens de… Gonçalo Cadilhe, jornalista e autor

Jornalista, autor, goste-se ou não da sua escrita, é um dos maiores viajantes portugueses. Após quase trinta anos de estrada, admite que já não viaja da mesma forma, mas garante que ainda consegue manter o espanto da primeira vez.

Tudo começou quando estava na Universidade, em Gestão de Empresas. Depois de uma viagem à América Central, enviou um texto para o então diretor da revista Grande Reportagem, Miguel Sousa Tavares. O jornalista respondeu, apontou-lhe os erros, muitos, mas abriu-lhe a porta. Gonçalo não desperdiçou a oportunidade.

O resto, já se sabe. A Lua Pode Esperar, Planisfério Pessoal, Nos Passos de Magalhães (acaba de sair uma nova edição, pela Clube do Autor), a lista de livros deste viajante profissional já não cabe nas duas mãos. Voltas ao mundo também já deu várias. Na maior delas, andou 19 meses na estrada. Já para não falar dos oito meses à boleia por África.

Com tanto caminho não estará aquele jovem que hoje tem 50 anos cansado de viajar? “De forma nenhuma. As viagens que faço acompanharam a minha evolução intelectual, possibilidades financeiras e a própria idade. E também os meu público. Já não tenho vontade nem necessidade de apanhar o comboio da noite para poupar dinheiro ou dormir em bancos de jardim. Tal como a maior parte dos meus leitores já não teria paciência para ler sobre aventuras de mochila às costas.

Aburguesou-se, sim – de turistas e burgueses todos temos um pouco – mas garante que não perdeu a capacidade de maravilhamento. “O mundo continua cheio de lugares espantosos. Não me é difícil ter aquela sensação a primeira vez”. Como aquela viagem a Bagan, em Myanmar. “Há muito que queria lá ir, já tinha lido quase tudo, mas foi uma sensação única”. Gostou tanto que voltou várias vezes.

Gosta de regressar aos sítios – à Ligúria, por exemplo, região do norte de Itália onde viveu uma década – e, cada vez mais, a Portugal. À sua Figueira da Foz. Quando lhe perguntamos o que nunca se esquece levar na mala de viagem a resposta é pronta: “o bilhete de regresso”. Pela terra, pela família, pelo surf, que tantas vezes faz a dois passos de casa, em Buarcos. É também o surf que mais o faz viajar fora do âmbito profissional.

Há muito que Gonçalo Cadilhe queria viajar até Bagan, em Myanmar.

A força do mar e da geografia são omnipresentes nos seus relatos, não é por si de estranhar que recorde “sempre com saudade o projeto da Volta ao Mundo sem voos”. Sobretudo as ligações a bordo de cargueiros. “É uma experiência transcendente. Não está estandardizado, continua a ser algo imprevisível, poderoso, único”.

Os próximos destinos – projetos, como lhes chama – continuam em segredo, mas em preparação está uma volta ao mundo, mais uma, novamente nos passos de Fernão de Magalhães. Desta feita como guia de grupo, para a agência Pinto Lopes Viagens. Está marcada para 2020, data em que se comemoram os 500 anos da primeira circunavegação terrestre.

Até lá talvez ainda arranje tempo para ir a Santa Helena, pequena ilha africana – território ultramarino britânico – que recentemente se abriu ao turismo, com a construção do primeiro aeroporto.

 

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