Manuel Molinos: Afinal, qual é o melhor filme de Natal?

(Fotografia de Tomás Evaristo/Global Imagens)
“Wednesday” poderá não ter lugar na discussão do “que há de melhor para ver no Natal”. Mas a “netflixação” começa a mudar as regras desta eleição.

A discussão anda apaixonada e aguerrida. Afinal, qual é o melhor filme de Natal? Nos últimos dias, as timelines parecem ter recuado à época medieval, com uma mistura de cenas ao estilo “Black mirror”, misturando este presente digital de reels com um anacronismo pintado de negro e vestido de preto. São longos vestidos, sobretudos, gabardines, corpetes, rendas, colares, botas imponentes e pulseiras ostentativas, com cruzes e caveiras. Pouco natalício? Nem por isso.

A culpa é de Jenna Ortega, a estrela da Disney que encarna a protagonista de “Wednesday”, a série de momento da Netflix, realizada por Tim Burton e centrada na adolescência da mais nova da célebre Família Addams.

Será arriscado atirar Jenna Ortega para a lista dos atores que interpretaram personagens icónicas em filmes de Natal, onde estão nomes incontornáveis como Macaulay Culkin (o Kevin de “Sozinho em casa”), Tom Hanks (o condutor do “Polar Express”) ou, entre tantos outros, Bruce Willis (polícia no “Assalto ao arranha-céus”)?

Pelo impacto da série, talvez não. A dança gótica de Wednesday durante um baile no liceu tornou-se tão viral que até Lady Gaga se rendeu à moda. Difícil é ficar indiferente aos movimentos hipnóticos e robóticos de Jenna Ortega ao som do rockabilly de “Goo goo muck”, de The Cramps, um dos temas da excelente banda sonora da série que brinda os mais novos com uma lição de história de música gótica dos anos 1980. Só faltou Bauhaus.

Junta-se a enorme “Nothing else matters”, dos Metallica, tocada em violoncelo, e tudo fica perfeito naquela bela escuridão.
“Wednesday” poderá não ter lugar na discussão do “que há de melhor para ver no Natal”. Mas a “netflixação” começa a mudar as regras desta eleição. É certo que para muitos de nós, que crescemos com “música no coração” e que nunca estivemos “sozinhos em casa”, Natal que é Natal tem de ter um clássico.
Mas é sempre agradável continuar a assistir a uma espécie de ressurreição de coisas boas, sejam elas na área do cinema, na música ou nos videojogos.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend