Crónica de Manuel Molinos: Pacasa-Man

Fotografia: Pexels/DR
Ficar em casa não tem de ser aborrecido. Pode até ser uma oportunidade de voltar a prazeres antigos há muito fechados em velhos gavetões.

De novo confinados, há tempo para voltarmos às séries favoritas, aos livros, aos discos e aos jogos, de tabuleiro ou eletrónicos. Ficar o dia inteiro dentro de casa em tempos de quarentena não tem, portanto, de ser uma missão aborrecida.

Um post que passou pela minha timeline chamou-me a atenção e fez-me desarrumar alguns gavetões à procura de consolas antigas de jogos. “Pacasa-Man” era o título da publicação que, ilustrada com a imagem do “Pac-Man” a perseguir os fantasmas Blink (o vermelho), Pinky (o rosa), Inky (o azul) e Clyde (o laranja), apelava aos portugueses para respeitarem o dever de recolhimento domiciliário.

Em tempo algum imaginaria que o icónico e guloso personagem amarelo, desenvolvido por Toru Iwatani, um jovem engenheiro programador japonês, pudesse de alguma forma servir para combater este vírus que nos escapa em todos os labirintos. Mas ainda bem que o jogo, um dos 14 que fazem parte da coleção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, pode contribuir para tal.

O despertar deste revolucionário jogo de arcade, lançado em maio de 1980, transportou-me de imediato para tantas outros, como Space Invaders, Asteroids e Super Mario Bros, para referenciar apenas os mais conhecidos. Daí até voltar a ligar as velhinhas Nintendo, Sega ou PlayStation foi um instante.

E recriar ambientes onde havia uma magia de sons hipnóticos e luzes de centenas de tonalidades a piscar, que marcou toda uma geração que jogava e partilhava recordes, imagine-se, em grupo, é hoje muito fácil. Basta pesquisar com um pouco de paciência. A oferta é muita e variada, quer nos conteúdos quer nos preços.

Para os mais exigentes, há uma loja em Vila Nova de Gaia dedicada a máquinas retro arcade, que podem ser personalizadas com temas como StreetFighter, MetalSlug, Pac-Man, The King of Fighters, Space Invaders, Mortal Kombat, Super Mario, Tetris e Marvel. Verdadeiros templos de entretenimento e de arte.

Mais difícil será recriar os cheiros encardidos, as luzes do teto namoradas por mosquitos e a excitação que acompanhava a passagem de mais um nível nos flippers.

Os míticos salões de jogos dos anos 80 e 90 podem até voltar a ser trendy, numa possível e expectável onda revivalista pós-covid. Muitos dos negócios que conhecemos deixarão de existir, à força dos efeitos secundários desta pandemia, mas muitos outros irão emergir. Estes poderiam ser alguns deles.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend