Crónica de André Rosa: o peixe-dourado

Os peixes-dourados são dos mais comuns em aquários ornamentais. (Fotografia: DR)
O Sado e o Douro vieram criar novos momentos de calma e felicidade na minha rotina. Comprovei que a simples observação destes peixes pode diminuir o stresse e a ansiedade.

A poucos dias de o país se fechar novamente em casa por conta da pandemia, pus em prática uma ideia em que já andava a matutar há algum tempo: tornar-me cuidador de um animal de estimação. Nunca se tinha proporcionado, sobretudo pelo facto de os meus pais sempre me terem dito que confinar um cão ou um gato num apartamento não é saudável para o bem-estar deles, pois precisam de espaço para viver em liberdade. Mas não foi preciso pensar muito para chegar à conclusão de que queria ter um peixe de aquário.

Que ingenuidade a minha, pensar que bastaria comprar um aquário redondo, daqueles que se veem nos quartos de criança, enchê-lo com água da torneira e colocar lá dentro um peixe! Não podia estar mais longe da realidade. Assim que entrei na loja especializada em aquariofilia, os meus olhos perderam-se numa imensidão de corredores repletos de aquários, lâmpadas, acessórios de limpeza, frascos de ração, máquinas de alimentação e um sem fim de artigos que ajudam na manutenção destes equipamentos.

Após uma breve “troca de olhares” e embevecimento da minha parte, acabei por levar dois golden fish.

Ao fim de uma hora e meia de mergulho naquele universo novo, com a ajuda de um vendedor experiente (e paciente), surgiu o momento de escolher os peixes (note-se que eu pensava que eles seriam a prioridade da minha ida à loja). Até aí, só sabia que queria peixes de água fria, pois são os mais fáceis de manter. Após uma breve “troca de olhares” e embevecimento da minha parte, acabei por levar dois exemplares da espécie Carassius Auratus, mais conhecidos por golden fish.

Esta espécie, natural da Ásia oriental, foi domesticada pela primeira vez na China e introduzida na Europa no final do século XVII. É uma das mais comuns a habitar os aquários ornamentais e destaca-se pela barbatana caudal desenvolvida e pela coloração, que pode variar entre o vermelho e o dourado. São peixes vistosos e elegantes. O mundo deles é um aquário de 23 litros que de alguma forma procura recriar o ambiente marinho, com plantas, uma rocha e um leito de pequenos seixos.

A verdade é que estes peixes – batizados de Sado e Douro, em homenagem aos rios – vieram criar novos momentos de calma e felicidade na minha rotina. Alimentá-los, interagir com eles e procurar adivinhar o que fazem – se nadam porque brincam, têm fome ou qualquer outra razão – apazigua-me e leva-me a acreditar que a simples observação do movimento destes animais pode reduzir a pressão sanguínea, o stresse e ansiedade, conforme sugerem alguns estudos. Cuidar de um ser vivo é isto: amor e responsabilidade.




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