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Crónica de Ana Luísa Santos: ir vale sempre a pena

Cracóvia. (Fotografia: Pixabay)

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No mês passado, um convite de casamento levou-me à Polónia, um país que não constava da minha lista de desejos, mas que veio reforçar a ideia de que ir vale sempre a pena. Depois de muitas contas, eu e o meu namorado aceitamos o convite. O valor das viagens – ainda que compradas numa companhia área low-cost – não foi assim tão baixo, pelo que decidimos fazer render a deslocação e tirar uns dias de férias, passando por Wroclow, Cracóvia e Varsóvia. Partimos sem expectativas e sem grandes planos. Havia lugares guardados no Google Maps, para pura orientação, mas deixamos as últimas noites em aberto, permitindo-nos explorar ao sabor da vontade. Afinal, não faziamos ideia do que íamos encontrar.

A passagem por Wroclow foi fugaz. Foi em Cracóvia que nos demorámos, em passeios gelados junto ao rio Vístula, e no bonito “stare miasto” (que é como quem diz “centro histórico”). Afastamo-nos do centro e ficamos boquiabertos no labirinto subterrâneo que são minas de sal de Wieliczka, classificadas como património da Humanidade da UNESCO. O passeio de 3,5 quilómetros fez-se por impressionantes corredores que ligam várias grutas, de onde se extraiu o mineral até 1996, mas foi a imponente capela de Santa Kinga que mais surpreendeu. O espaço está adornado com esculturas de baixo relevo, como uma que replica a “A última ceia”, de Da Vinci, figuras religiosas e grandes candelabros, tudo feito à base de sal e criadas por pessoas que não tinham qualquer experiência em escultura.

Fomos surpreendidos com uma cozinha vibrante, vegan-friendly e acessível que nos permitiu encontrar deliciosos pratos de base vegetal em qualquer lugar, ricos em chucrute e picles. Provámos pierogi, umas trouxas de massa de trigo recheadas, típicas daquele país, mergulhadas em óleo de sementes de abóbora – outra novidade para mim. Lutámos contra o tempo para chegar a horas aos restaurantes que queríamos conhecer, dado que grande parte das portas se fecham às 21 horas, para nossa supresa.

De regresso a Portugal, refleti sobre o que nos leva a querer viajar para determinado país. São os relatos de quem nos é próximo? As fotografias que vemos nas redes sociais? Os livros que lemos e os filmes que vemos? Provavelmente, um pouco de tudo. Esta experiência, de ir para um país sobre o qual não tinha referências, a não ser as óbvias, deu-me vontade de sair do roteiro típico da Europa Ocidental. Porque a bagagem regressa sempre mais cheia, seja qual for o país.