A voz de Hugo Santos revela a paixão que sente pela Arrábida e que o levou a fixar-se em Palmela. «Desde miúdo que vinha andar de bicicleta para a serra e sempre disse que havia de morar aqui. Casei-me com a Marta, que já tinha cá uma casa. A vila já me adotou e eu já adotei a vila há 12 anos», conta o empresário que trabalhou durante quase duas décadas na banca, mas decidiu trocar o conforto do ordenado pelas atividades que já praticava na natureza.
Criou a The Selector, uma empresa de experiências de natureza – caminhadas, passeios em jipes 4×4 e tours gastronómicos – para posicionar Portugal e a região da Arrábida internacionalmente e baseou-se na premissa de que «as histórias valem muito mais do que os produtos». A The Selector Store, aberta na única rua comercial do Castelo de Palmela, em junho deste ano, é uma extensão física do projeto.
Marta Ornelas revela-se uma anfitriã incansável na hora de contar as histórias da região. Começando pelas garrafas de moscatel de Setúbal e pelos vinhos selecionados de uma monocasta da Quinta do Piloto, produtor de Palmela, até aos sabores da cerveja artesanal ABC. Tudo o resto é para comer: compotas de maçã-riscadinha, chutney de cogumelos, patés gourmet, flor de sal do Samouco, conservas biológicas do Algarve e de Matosinhos. «Não consigo ter conservas de Setúbal porque ainda não se fazem», justifica Hugo Santos.
Além de loiças das Caldas da Rainha em formato de sardinha e peças de cerâmica, o empresário quer ter também loiças do Fortuna, um espaço de artes e ofícios sediado em Palmela. Já Marta, ela própria, também se dedica a criar peças de bijutaria com porcas, fios elétricos, alfinetes e tubos – que os «estrangeiros adoram» – e candeeiros únicos a partir de molas de suspensão dos velhos jipes do marido. A Arrábida reinventa-se todos os dias.
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