Paula Granja e Helena Sequeira cresceram juntas no Carvalhido e costumavam brincar na loja dos avós da primeira: Dulce das Dores vendia artigos de decoração, santos, espelhos e panelas; Manuel Fernandes Granja fazia reparações elétricas e trabalhos de pichelaria (canalizações). Na fachada, nos anos 1950, lia-se «Electricista Picheleiro». E foi esse nome que as amigas de infância decidiram manter quando, há três anos, reabriram o espaço, voltando-o para a moda.
Quase todos os dias ligam para a loja Electricista Picheleiro a pedir orçamentos, mas o que resta da outra vida da casa são as memórias que Paula e Helena fizeram questão de preservar. Os charriots foram feitos com canos, as grades das montras convertidas em prateleiras, alguns armários reaproveitados. Há uma torneira a servir de puxador e, atrás do balcão, uma fotografia a preto e branco da fachada, que, segundo Paula, remonta à década de 1950.
Hoje, vende-se ali roupa, calçado e acessórios de diferentes marcas, essencialmente para mulher, embora também haja alguns artigos unissexo, como as mochilas Fjällräven. A oferta inclui ainda produtos portugueses, como os sabonetes, velas e perfumes (também para homem) da Castelbel, ou as peças de artesanato de Ricardo Pinheiro – entre elas, alguns santos, só que decorados com cores vivas ou flores.
A Electricista Picheleiro recebe novidades praticamente a cada quinze dias, e tem uma atmosfera de boa disposição que transparece logo à entrada. À vista de quem passa na rua podem estar mensagens como «por favor, empurre – está um frio de rachar», ou «fui lanchar à [confeitaria] Magalhães – ouvi dizer que os croissants são bons». O humor das responsáveis pela loja também está em constante atualização.
Porcas e parafusos
Há um pormenor curioso nos sacos da Electricista Picheleiro: têm porcas e parafusos a segurar as alças. Foi uma invenção das responsáveis pela loja e tornou-se num elemento distintivo.
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