Não é a sua primeira vez em Portugal. Antes da versão portuguesa deste livro, já cá tinha estado a ajudar Ezzat Ellaz a lançar o restaurante Muito Bey, em Lisboa. A cozinha e os chefs portugueses são-lhe familiares?
Tenho alguma familiaridade pelo facto de já ter estado aqui quatro vezes e por um dos meus melhores amigos ser luso-americano, casado com uma libanesa, que sempre cozinha para nós. Claro que ter estado no terreno, a pesquisar, para criar o menu do Muito Bey, também me ajudou a entender um pouco melhor a vossa cena gastronómica.
Qual a razão de ter elegido a sopa como protagonista deste livro de receitas?
A sopa é uma parte essencial da dieta de muitas culturas no mundo inteiro; acredito que enche o corpo e a alma.
À escala global, os chefs ganharam imensa visibilidade, o que faz deles interlocutores privilegiados – foi fácil convencer oitenta cozinheiros e food writers a participar num projeto como este?
Foi. Trata-se de uma causa humanitária e esta é uma excelente forma para eles darem o seu contributo.
Há quem acuse a comida de estar a gerar, hoje, demasiado burburinho mediático mas todos precisamos de comer – livros culinários com este propósito solidário são uma forma de redenção numa sociedade de excessos?
A mensagem deste livro é muito clara: queremos tocar as pessoas através da comida. É um grito de ajuda e um alerta para nos fazer pensar que os refugiados sírios não são assim tão diferentes de qualquer um de nós – poderemos vir a passar pelo mesmo (alguns de nós já o viveram).
Uma mensagem do tipo «façamos comida, não guerra»?
Sem dúvida!
A contribuição portuguesa, como se deu?
Contei com a ajuda do Pedro Carvalho (ator) e do Ezzat Ellaz (Muito Bey), que não só convidaram os chefs de cá como conseguiram convencer a Casa das Letras (editora) a publicar o livro em português. Foi um sonho tornado realidade.
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A edição portuguesa de «Sopa para a Síria – Receitas para celebrar a partilha», com 208 páginas, leva o selo da Casa das Letras e custa 19,90 euros. Entre as mais de oitenta receitas de sopas estão as dos chefs portugueses Rui Paula, Kiko Martins, Miguel Rocha Vieira e Ljubomir Stanisic. Os lucros da venda destinam-se a ajudar a causa dos refugiados sírios.
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