Os tempos mudaram, as vontades também, e a Mercearia da Bela Vista, recheada de frescos biológicos e de produtos veganos, que convivem com antiguidades como uma vetusta máquina registadora em ferro e uma balança de dois pratos, é reflexo dessa mudança.
A fachada do prédio onde se encontra a mercearia.
(Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)
O prédio de esquina que acolhe o projeto está na família dos irmãos José e Luís Oliveira há mais de 80 anos, e a loja do rés-do-chão “foi uma das primeiras mercearias da rua”, garante José Oliveira, um dos três sócios, ao lado do irmão, Luís Oliveira, e da nora, Ângela Vilhena. Quando o avô comprou o imóvel, foi a avó que ficou à frente do negócio, que acabaria por fechar em 2016. Uns anos mais tarde, os dois irmãos – a quem se juntou Ângela – que sempre tiveram “o bichinho do empreendedorismo”, começaram a pensar fazer algo com o espaço, com morada numa das zonas da cidade mais promissoras.
O projeto é de José Pereira (na foto), do irmão Luís Pereira, e da mulher deste, Ângela Vilhena.
(Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)
Foram dois anos de planeamento, e de pequenas obras feitas pelos dois irmãos, até as portas se abrirem e darem a conhecer à cidade um leque vasto de produtos veganos. Estão lá insígnias já estabelecidas no mercado, caso da Yogan, que comercializa alternativas ao queijo e à manteiga, e a Ecox, que transforma óleo de cozinha usado em detergente para uso doméstico, alimentando o conceito de “economia circular”, mas também projetos recentes, como as bebidas levemente gaseificadas da Lico, a kombucha d’Aquela Kombucha e as manteigas de amendoim e leite de amêndoa em pó da Bliss Out.
Na loja encontram-se artigos alimentares e de higiene.
(Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)
Destacam-se ainda os congelados da Green Cook e os queijos vegetais da Cura, onde frutos secos curados, como caju ou amêndoa, dão origem ao Blue Style, ao Camem’Vert e ao Feta de Amêndoa. Há ainda “básicos” da cozinha vegetariana, como tofu e seitan, e alternativas aos enchidos, que recriam a alheira, a linguiça, a farinheira e a chouriça.
Outra forte aposta é nos champôs sólidos, que ali estão representados pelas nacionais Shaeco, VeganCare, Green Sense e NAUA, e nos produtos de higiene bucal – estes vindos de fora -, como as pastilhas dentífricas para escovar os dentes, as escovas de bambu e as pastilhas elásticas que higienizam levemente a boca.
Cebolas. (Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)
Amêndoas e nozes. (Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)
Seitan e tofu. (Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)
Os frescos, dos quais se destaca o alho-francês, as batatas, limões, pêras, maçãs, beringelas, beterrabas e couves, apresentam-se logo à entrada – qual cartão de visita – e vêm de perto, sempre que possível. Uma mercearia à moda antiga, adaptada aos tempos de agora.
Música
Ouve-se a toda a hora e é dada pelo gira-discos onde pousam os vinis do pai de José e Luís. Carlos Paião, Elton John, Whitney Houston são alguns dos artistas que se vão fazendo ouvir na mercearia.
