Leandro, a salsicharia do Mercado do Bolhão que ajudou a criar as francesinhas

Vítor Ferreira, da Salsicharia Leandro, com a famosa salsicha fresca, imprescindível nas francesinhas clássicas. (Fotografia de Pedro Correia/GI)
A EVASÕES acompanhou a reabertura do Mercado do Bolhão, que aconteceu dia 15 de setembro. Falou com novos inquilinos e com antigos, como Vítor Ferreira, da Salsicharia Leandro, famosa por ter criado as salsichas e as linguiças com que se começaram a fazer as primeiras francesinhas.

Quando Vítor Ferreira entrou pela primeira vez no Mercado do Bolhão, como interno da Salsicharia Leandro, não tinha quase nada: só a roupa do corpo e um saquinho com meias. Tinha 11 anos e puseram-no logo a cortar pão para as alheiras. Estava longe de pensar que o Bolhão iria ser a sua vida, que ia construir uma fábrica e que as suas salsichas e linguiças iriam ajudar a criar a famosa francesinha da Regaleira, a original.

Quando vim para cá, o Leandro ainda era vivo, mas a casa já era centenária. O proprietário era já o Salvador Massada. Naquela altura, há 56 anos, “já estávamos a preparar a salsicha e a linguiça para as francesinhas. Mas não produzíamos muito, porque na altura era só a Regaleira que as fazia”. Mas já tinham tudo que uma salsicharia pode ter: carne de porco e derivados. “Os nossos transformados são quase únicos porque são fumados em estufas a lenha de azinho, coisa que já quase ninguém faz”, conta.

Depois, têm “os produtos exclusivos de qualidade superior: a linguiça e a salsinha própria para a francesinha e também para os cachorros” à moda do Porto, como os do Gazela. “Na cidade, diz-se que a francesinha sem as salsichas e linguiças do Leandro não é francesinha verdadeira”, conta. Hoje, são tantos os restaurantes que ali se abastecem que Vítor já nem os conhece a todos. E as salsichas até já são servidas ao pequeno almoço em alguns hotéis da cidade, “porque os ingleses adoram”.

Hoje, com uma capacidade financeira como nunca teve, continua a trabalhar todos os dias. “Gostei sempre disto, arranjei aqui namoradas. Não casei com nenhuma daqui porque tinha medo”, diz a rir. Mas lamenta nunca ter tido férias. “Valeu a pena todo o esforço e sinto-me realizado profissionalmente. Mas não soube o que é gozar a vida”, remata.




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