Viana do Castelo: tradição e modernidade à mesa

À mesa desta mesa criativa, servem-se os sabores do Minho, em formato de cozinha de autor. Produtos da terra e do mar, ciência aprendida de família e com velhos pescadores, e a inventividade de uma jovem chef que sabe bem onde quer estar.

«Sempre quis ficar por aqui, é onde me sinto mais à vontade com todos os ingredientes.» Mariana Parra Neto, minhota de gema e força criativa do Porta 93, nasceu e cresceu em Viana do Castelo, estudou na Escola de Hotelaria e Turismo da sua cidade e foi aliando a inspiração das receitas dos avós à experimentação da cozinha de autor.

Em 2013, a jovem chef abriu o seu restaurante, um espaço pequeno onde começou a injetar criatividade na tradição minhota, que há um par de anos foi integrado na Casa Melo Alvim, o mais antigo solar urbano de Viana.

O restaurante tem decoração sóbria, onde sobressaem detalhes como as faianças na parede e outros objetos como livros e antiguidades. À mesa, brilham os produtos de época, os ingredientes de produtores locais e os sabores do mar.

«Aqui não há muitos livros de gastronomia típica, é difícil passá-la de geração em geração», explica a chef, que tanto busca o conhecimento junto da família como com os pescadores mais velhos.

«É deles que vem o tempo da cozedura de alguns tipos de marisco, por exemplo.» Os ouriços-do-mar são uma das estrelas da casa, nomeadamente nos ovos rotos de entrada e no arroz de ouriços guarnecido com as suas ovas enquanto prato principal. No capítulo atlântico, há ainda a chorinha, «a sopa de peixe à moda de Viana com um twist, sem o tomate e com tapioca para ficar um caldo de peixe mais cremoso», e a sopa de santola, produto abundante no mar de Viana.

E há o peixe do dia, que «varia de acordo com o que o pescador traz», bem como o polvo ao alho com alecrim fumado e legumes da horta, a salada de atum que tem por base a típica salada de feijão frade nacional. A história do norte de Portugal é, aliás, incorporada no bacalhau da carta, servido com milhos fritos, «como se fazia antigamente, numa altura de grande escassez da batata», explica Mariana.

Também na carne a regionalidade está presente, por exemplo na costela de cachena, uma raça de vaca tradicional de Arcos de Valdevez, com arroz de feijão tarrestre, também ele (o feijão) endógeno do município minhoto. Para quem não se sentir particularmente aventureiro para provar a inovação do receituário local, há o tornedó de novilho regado com molho bearnês.

Nas sobremesas, destacam-se a Viana, inspirada na tradicional torta de Viana com recheio de ovos, o mil-folhas de frutos vermelhos e os gelados caseiros, um pretexto para aproveitar a esplanada do restaurante.

Ao almoço, o Porta 93 funciona por sugestão do dia, que por 12 euros inclui entrada, prato (carne, peixe ou vegetariano), bebida, sobremesa e café. Será, porventura, ainda um pioneiro na cozinha de autor em Viana do Castelo. Mas se no início foi recebido com alguma hesitação, hoje já conquistou o público – o local e o de fora – pela forma ousada e original como se serve das raízes para levar à mesa um Minho moderno.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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