Ventozelo celebra o azeite até ao final do mês

Cantina de Ventozelo (Fotografia: DR)
No restaurante da Cantina de Ventozelo, uma varanda sobre o vale pintado a amarelo e vermelho que se estande até ao Douro, o azeite é o protagonista.

Depois das vindimas, a apanha da azeitona. A campanha terminou e agora, até ao final de novembro, o destaque vai para o azeite novo. Na Cantina, o restaurante da Quinta de Ventozelo, em Ervedosa, S. João da Pesqueira, é ele o protagonista da ementa. Aos fins de semana, até ao final de novembro, o azeite está presente da entrada à sobremesa, fazendo a memória recuar aos lagares e às refeições que se faziam a rematar os trabalhos da apanha da azeitona.

(Fotografia: DR)

O prato principal é o bacalhau de lagarada, que se comia com o primeiro azeite. Antes disso na mesa já tinham brilhado as azeitonas, naturais ou em pasta, a acompanhar a bola de azeite e o pão de azeitona, confecionados numa padaria de Ervedosa. Há ainda queijo fresco marinado.

(Fotografia: DR)

Voltemos ao prato principal. João Sá Carneiro – o chef responsável pelo restaurante A Cantina – explica o modo simples como este prato é feito: “Primeiro é marcado na brasa, depois vai ao forno com alho esmagado, louro e azeite novo”. A acompanhar, cebolinhas em vinho tinto e migas de couve. Naquele dia lombarda e portuguesa – ali a sazonalidade é palavra chave e recorre-se ao que a horta dá. Isso mesmo se comprova na sobremesa que fecha a refeição. Um bolo de azeite e mel com citrinos – limões e laranja sanguínea colhidos no pomar de Ventozelo, uma quinta duriense onde se produz, sobretudo, vinho. E foi, naturalmente o da casa a acompanhar o repasto.

(Fotografia: DR)

(Fotografia: DR)

Com cerca de 400 hectares, 200 estão dedicados à vinha. Estamos no coração do Douro, e por isso as oliveiras têm também o seu lugar, seja nas bordaduras das vinhas ou em terrenos a si dedicados. E em Ventozelo há vários, num total de 20 hectares, com árvores centenárias. A entrada da quinta, desde logo, o olival da serra. Mas há outros: o da Raposeira, o do Pombal, o do Rio – este o mais produtivo neste ano de seca, graças à proximidade da água, como explica Tiago Maia, engenheiro responsável pela produção de Ventozelo.

O resultado é um azeite com um perfil suave, frutado verde com um ligeiro picante fruto de variedades autóctones: madural, negrinha do Freixo, galega, cobrançosa e verdeal transmontana que quando atingem o estado ideal de maturação são colhidas de forma manual, com varejamento. A transformação do azeite fica a cargo de Francisco Pavão, da Casa de Santo Amaro, em Mirandela.

Até ao final de novembro, nos almoços e jantares dos fins de semana e aqueles por reserva nos restantes dias, será o azeite o pretexto para rumar a Ventozelo, talvez a altura do ano em que a beleza desta quinta mais deslumbra, com os vermelhos e amarelos do outono a lembrar uma gigantesca pintura. Não faltam, todavia, motivos para uma visita: com 29 quartos, resultantes da transformação de antigos edifícios agrícolas espalhados pelos socalcos, para além das provas de vinhos, há espaço para o hóspede partir à descoberta entre vinhedos, pomares e mata. Sem risco de se perder, pois além de audioguias, os percursos estão devidamente assinalados. Resta usufruir do silêncio, pontuado pelo deslize da água do rio, o canto dos pássaros e o vento a atravessar as árvores.

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