Café Belga: comida tradicional e batatas fritas na Mouraria

Miguel Avellar não queria ter um restaurante nem um bar e acabou a fazer um café que é tudo isso e não só, e com um ambiente que é muito mais fácil encontrar em Bruxelas, Bruges ou Antuérpia do que propriamente na Mouraria.

A mãe de Miguel Durieu Avellar, a belga Viviane Durieu, fundou em 1978 um histórico restaurante lisboeta, A Travessa. Só que Miguel, curiosamente, nunca se quis dedicar à restauração. Ou melhor, dedicou-se, sim, mas a outra: a de património, atividade que abraçou a par com a arquitetura.

Chegou, porém, a uma altura em que a necessidade de mudar de ramo o fez trazer para Lisboa uma das coisas que mais aprecia no seu outro país – sim, porque também tem nacionalidade belga: “O ambiente descontraído dos cafés, onde se come e bebe extremamente bem”, refere, sentado no espaço que abriu há um par de meses na Mouraria. O nome? Não podia ir mais direto ao assunto: Café Belga.

Ora e se o Café é Belga não faltam, claro, as referências ao país de origem. A começar, por exemplo, no logótipo que nasceu de uma derivação da cauda do famoso Marsupilami de Franquin, o ilustrador belga que também criou Spirou. Depois, a comida. As batatas fritas (3€) são o ex-libris da casa: “Tenho belgas que vêm cá e que ficam malucos com estas batatas”, conta Miguel. O truque está nos dois banhos de fritura, a temperaturas diferentes, e no facto de não usar óleo vegetal mas sim banha de vaca que importa da Bélgica. “Faz toda a diferença”, garante o responsável.

Apesar de fazer questão de referir que o Café Belga não é um restaurante, há uma aposta na cozinha local, graças às receitas da sua tia, que descreve como uma “super chef”. Fazem, por exemplo, filet américain (11,50€), um tártaro de novilho belga, carbonnade flamande (9,50€), um guisado típico com cerveja e, claro, as famosas moules frites (11,50€), mexilhões com batatas fritas, talvez o prato mais famoso da cozinha belga, e que aqui é servido apenas aos sábados.

A cerveja, obviamente, também não podia faltar. E não falta. Três à pressão e dez de garrafa, onde se incluem as bem conhecidas Chimay, Duvel ou Delirium Tremens. As referências belgas não terminam aí: há uma fotografia dos reis Phillipe e Mathilde para juntar à festa e umas ilustrações bem-humoradas da compatriota e amiga Audrey Schayes, uma artista belga a viver na vizinhança. E até a iluminação, que recuperou (e inverteu) um género de candeeiros clássicos, forrando-os a vinil, veio da Bélgica, pela mão do irmão de Miguel, que vive lá.

Se o consumo de cerveja no Café Belga obrigar a uma viagem à casa de banho, ela não é mal empregue: não só há uma imponente máquina de pinball a caminho como a casa de banho está forrada a fotografias de capas antigas da Photo, a revista francesa de fotografia, aproveitando uma coleção do pai, que era fotógrafo. Como essas capas retratam apenas mulheres, o espelho tem uma forma fálica bem pronunciada. “É para compensar, porque a casa de banho é unisexo”, explica a sorrir.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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