O chef lisboeta David Vieira, de 31 anos, mudou-se do Bairro Alto Hotel, onde trabalhou como sous-chef de Nuno Mendes, para São Pedro de Alcântara e abraçou as cozinhas dos The Decadente e The Insólito. Ambos os restaurantes pertencem ao projeto do grupo The Independente Collective, que explora um hostel num edifício defronte ao jardim, mas têm conceitos e ambientes diferentes, com alguns pontos em comum.
Um deles é a decoração que sobrepõe formas e texturas, mobílias antigas e néons garridos. Outro é a inspiração na história mercantil portuguesa que influenciou a criação das duas cartas, muito focadas no fogo e no fumo. “Os legumes são mais versáteis do que a carne e o peixe”, argumenta o chef quando coloca na mesa o seu prato preferido da carta do The Decadente: couve coração grelhada envolta em panko (pão ralado japonês) com molho de amêndoas e citrinos.
- O interior do The Insólito. (Fotografia: DR)
- O ched David Vieira. (Fotografia: DR)
O borrego fumado com acelgas grelhadas (e não cozidas, como é habitual) e limão preservado (com recurso a técnicas marroquinas) é outro bom exemplo do trabalho do chef. Frango frito com sementes de coentro e piri-piri caseiro (feito com canela), lula com caldo de amêndoa tostada e óleo de lima kaffir e rabanada de bolo lêvedo, nata com baunilha fumada, curd de laranja e óleo de limão são também pratos que impressionam pela originalidade e sabor.
A abordagem do chef ao uso da grelha convive com propostas de crus e com cocktails de autor, bem como uma lista de vinhos a copo a preços democráticos. O mesmo se encontra no colorido The Insólito, ao qual se pode subir num dos elevadores mais antigos de Lisboa. Ao fim de mais de um ano encerrado devido à pandemia, o espaço reabriu com uma nova zona de bar/lounge com vista desafogada sobre a cidade e aposta agora em DJ e música ao vivo.
- O terraço coberto do The Insólito. (Fotografia: DR)
- Um dos pratos da carta do The Decadente. (Fotografia: DR)
Há cocktails de autor baseados em personagens de Alice no País das Maravilhas e “vinhos de altitude” – do Dão à Serra de São Mamede – em alusão ao terraço. A carta de comidas, ainda que partilhe alguns pratos com a do espaço térreo, guarda propostas dignas de nota como a alhada com berbigão e yuzukosho (condimento japonês) e o bacalhau fresco com piso de coentro e lardo fumado. A tarte de amêndoa e abóbora, laranja alfazema e amarguinha é uma forma doce de terminar.
O restaurante The Decadente estará encerrado até dia 17 de janeiro e o The Insólito até dia 14 de fevereiro.
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