Tem três portas abertas para o Cais das Pedras, Douro e Vila Nova de Gaia. Chama-se Soul Senses e cuida bem da cozinha tradicional portuguesa. “A nossa culinária é das melhores do mundo e é preciso manter o que temos de bom”, crê Paulo Cordeiro, o inventor desta casa onde cabem 100 comensais, distribuídos por dois pisos interiores mais esplanada. Ao seu lado neste projeto encontra-se Frederico Varandas, que supervisiona as operações na cozinha. Nascido em Moçambique e portuense “do coração” desde que aqui chegou, com um ano, Paulo estreou-se a valer neste universo alimentar em 2020, em Miami, depois de experiências de juventude na Suíça. Outros afazeres profissionais levaram-no para a América Latina em 2008, e foi já na Florida que criou uma padaria-pastelaria-bistrô com sabores do seu país. “Foi um sucesso.” Regressou à Invicta e em dezembro de 2023 abriu na Baixa o Soul Bites, uma atualização do conceito da tasca portuense.
A carta sucinta tem opções de peixe, carne, vegetarianas, “Clássicos” e “Clássicos de fim de semana”. O “Bacalhau, cebolada de pimentos, batata em chips” é uma derivação do bacalhau à Braga, com sabores intensos e familiares. Não menos intensa é a açorda de camarão, servida dentro de pão, aveludada e generosa no marisco. O arroz de fumeiro e costelinhas, garantem os proprietários, começa a ganhar fama: todos os ingredientes são envoltos num aroma claro mas suave a aldeia, o arroz na companhia das costelinhas titulares e de uma panóplia de enchidos da Quinta da Pacheca. A “Perna de cabrito em forno de memórias” derrete-se ao toque e é acompanhada de batata e grelos. Inventa-se na forma sem transtornar o conteúdo. Na sobremesa, há propostas como o “Pão de ló by Soul” (com creme de ovo e gelado de limão) e um acolhedor crumble de maçã e canela. O protagonismo líquido reparte-se entre os cocktails e uma carta de vinhos comedida mas lusitanamente abrangente.
Fora dos almoços e jantares, há snacks para ajudar a passar as tardes. Os rissóis de lagosta, cebolinho e lima, negros pela tinta de choco, são tão cremosos quanto frescos. Na “Sandinha… a francesinha na mão”, o sabor que se imagina vem em dose concentrada, numa massa japonesa diáfana em cujo interior reside o alinhamento familiar de linguiça, salsicha e bife de lombo de Arouca, e no qual uma pipeta insere o molho.
Além da comida, Paulo Cordeiro pretende que o Soul Senses venha a ter “uma agenda cultural eclética”, com concertos acústicos, DJ, tertúlias, pequenas peças de teatro, noites de poesia.
Soul Senses
Cais das Pedras, 39, Porto
Das 12h às 24h, à quarta, quinta e domingo; até às 2h à sexta e sábado; a partir de agosto, não encerra
Preço médio: 35 euros (entrada, prato e sobremesa)