Tão frágil e bonita como as flores das buganvílias que cobrem a fachada do 1743 Palácio Fonte Nova, a pannacotta que a chef pasteleira Cíntia Koeper põe na mesa podia ser eternizada num museu. É quase um crime comê-la. “Depois de ferver as natas, junto-lhes uma porção generosa de flores e elas soltam a tonalidade lilás”, revela a profissional, que a embeleza ainda mais com coulis e gelado de framboesa. A tarte de amaretto, típica de Piemonte, com ganache de chocolate e gelado de pistacho é outra das criações que colocam alto o nível do restaurante.
O casal Michelin, responsável pelo lisboeta Eleven, aceitou dar consultoria ao projeto depois de conhecer a dupla de argentinos Franco Bordoni e Nicolás Lehmann. Há quatro anos, viviam em Tulum quando decidiram mudar-se para Portugal com os três filhos, agradados com o clima, a sensação de segurança e as perspetivas de crescimento na área do turismo, na qual, de resto, mantêm negócios no México. O Palácio da Quinta da Fonte Nova, em Rio de Mouro, às portas de Sintra, é para já um restaurante, mas deverá ter quartos, agricultura e floricultura em breve.
Nos quatro hectares com extensos pinhais, acácias, palmeiras, cedros e eucaliptos, a pequena Capela de Nossa Senhora da Conceição e a casa, cujas fundações são de 1743, são as peças principais. Pertenciam a uma família de armadores, e tendo chegado em bom estado às mãos do casal, a decoração dos interiores foi facilitada, com a recuperação dos azulejos originais e a colocação de lustres, mobiliário em veludo, arranjos de flores e um papel de parede tropical na sala da lareira. Um ambiente clássico que combina com o estilo da comida de Joachim e Cíntia.
A alta cozinha italiana que se propõem executar deve-se, em primeiro lugar, ao gosto pessoal de Franco e Nicolás, e em segundo às ligações profissionais, académicas e também pessoais a Itália, onde por norma passam férias. Assegurando a qualidade dos ingredientes – como os tomates biológicos, a farinhas de grão duro e certas manteigas importadas -, o chef apresenta uma cozinha de base clássica, aqui e ali com traços de autor, como o bacalhau gratinado com mousse de alho, corquetta e a carbonara à brás e o atum “tonnato” com anchova e alcaparras.
Além da sala principal, o 1743 Palácio Fonte Nova tem recantos dignos de filmes românticos de outras épocas onde é possível almoçar ou jantar, como uma mesa de pedra só para dois e uma estufa de aspeto bucólico, bem perto da fonte, da estatuária e dos jardins aparados do palácio. Quer ser, também por isso, um espaço de eventos e cerimónias. Em dias sem festa há também um discreto bar com música ao vivo, o que totaliza 80 lugares, entre o interior e a esplanada no terraço à luz da lua. Um cenário capaz de se aproximar de qualquer quinta de luxo na Toscana.
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