Por fora, pouco se revela do charme do Chá Clube, aguçando a curiosidade de entrar. Há 35 anos que esta recatada casa de chá se esconde no Edifício Aviz, na Avenida da Boavista, de cortinas semi-transparentes, que deixam espreitar o interior forrado a madeira – incluindo o teto -, com móveis de veludo e candeeiros a meia-luz a criar o ambiente intimista e acolhedor que ali tem levado os habitués ao longo dos anos.
Maria Nelma Guimarães fundou a casa por desafio de um amigo que também ali ia abrir uma loja, mas inspirada pela temporada que passou em Inglaterra, a estudar, e de onde trouxe não só o gosto pelo chá, como também ideias para o espaço. Hoje, é a filha Filipa Guimarães quem dá continuidade ao negócio, mas Maria Nelma ainda se ocupa da confeção de todos os bolos e sobremesas que ali servem. O afamado bolo de chocolate é uma das presenças habituais, mas todos os dias variam a seleção.
Obrigatórios, por exigência da clientela, são os scones, feitos ali todos os dias depois do serviço do almoço, para que cheguem à hora do lanche ainda quentes. A receita também é da fundadora, mas é Filipa quem assume a produção. “Há quem diga que são os melhores scones da cidade”, afiança. A fama é-lhes justa: são fofos e leves, amanteigados, como se quer, e têm o tamanho ideal. Vêm para a mesa aconchegados num pano, para que conservem o calor até ao momento de os barrar com manteiga e compota (habitualmente de pêssego e de framboesa). Outra proposta de sucesso na pausa da tarde são os pães de leite, servidos com queijo, fiambre ou em versão mista.
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Chá Clube, no Porto (Fotografia de Leonel de Castro)
A lista de chás é variada e está sempre aberta a mudanças. “Vamos tentando atualizar. Hoje em dia, as pessoas tendencialmente querem chás sem teína, procuram chá em folha, e estes rooibos estão muito em voga também. Procuramos ter chás diferentes, além dos tradicionais”, explica Filipa. O que mais vezes chega ao bule é o Amor de Perdição, um aromático blend de rooibos, amêndoa, pistáchio, laranja e pimenta rosa, da Mùi Gourmet.
Os lanches são servidos em bonitas loiças da marca inglesa Spoude’s, com motivos campestres pintados em tons de azul. E um apontamento extra que habitualmente vai também para a mesa com o chá é a ampulheta, que ajuda os mais exigentes a controlar o tempo de infusão (entre 3 e 5 minutos).
Os detalhes são todos pensados por Maria Nelma. “A minha mãe construiu isto com um gosto especial. As toalhas de linho cor de rosa nas mesas, o mobiliário feito à medida, foi tudo escolhido por ela”, realça Filipa. Incluída nesta seleção única está a coleção de serviços de chá, que se pode admirar no armário da entrada, e os dois samovares, que embelezam ainda mais a sala.
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