Uma mesa bem portuguesa para descobrir em Lisboa

Depois de uns bons anos no Brasil, onde ajudou a elevar a cozinha portuguesa a um outro patamar de exigência, Ilda Vinagre, que muitos recordam do saudoso A Bolota, está de volta com o recém-inaugurado S Restaurante & Petiscos.

Abriu em agosto, num espaço que já existia para os lados do Largo do Rato. Manteve o nome e herdou boa parte da clientela, sobretudo a quem vem à hora do almoço. Sem grandes pressas, Ilda Vinagre, que ainda está a afinar uma série de coisas — da decoração das três salas ao horário e às próprias ementas —, veio para ficar. Depois de uma larga temporada em São Paulo, onde ajudou a consolidar a fama dos restaurantes Bela Sintra e Chiado (duas grandes referências da cozinha portuguesa além-mar), ela, que foi feliz em Terra Brasilis, achou ser a hora de voltar — sentia falta da família. Comunicou a sua intenção a Carlos Bettencourt, o empresário português da restauração radicado no Brasil responsável pela sua ida, e este propôs-lhe sociedade num restaurante em Lisboa. Em seis meses estava resolvido — «o ciclo Brasil está fechado, mas espero lá voltar de vez em quando como consultora», diz.

A ribatejana, que muitos julgam alentejana pelo seu apego àquela gastronomia regional, nunca perdeu nem ligação ao nosso país — «todos os anos vinha passar uma temporada de dois meses» — nem aos nossos produtos — «gosto de usar produtos brasileiros como o azeite de palma ou a mandioquinha, mas foi às nossas coisas que sempre me mantive fiel; graças a mim, muitos brasileiros começaram a comer ervilhas com ovos escalfados, o meu cozido de grão, que desconheciam, e até a carne de alguidar, apesar da resistência com a carne de porco, cuja criação nada tem que ver com a nossa».

Na sua passagem por vários restaurantes, em Portugal e no Brasil, Ilda Vinagre cozinhou para personalidades como Bono Vox, Amália Rodrigues ou Ronald Reagan

Lá, como cá, Ilda sabe que é a sua comida que fala mais alto; é por ela que as pessoas vêm: as que já a conheciam, do Brasil ou do saudoso A Bolota (o restaurante que fundou na Terrugem juntamente com a cunhada Júlia Vinagre, entretanto falecida, e que teve uma estrela Michelin), e as que a estão agora a descobrir. Aos almoços, a ementa é escrita na ardósia e varia diariamente, sendo que alguns têm dia certo (como à sexta-feira) para comer especialidades suas como o cozido de grão, servido num tarro típico, ou a famosa carne de alguidar (leva cinco horas a cozinhar) servida com migas de pão.

À noite, é serviço à la carte, só que a chef, como fazia n’A Bolota, escuta os vários pedidos — «algumas pessoas falam-me de pratos de quem nem eu me recordava!» — e tenta atendê-los. «Com a chegada do outono vou alargar a carta e incluir pratos meus muito desejados como a perdiz de escabeche ou a lebre com grão», promete. E promessas são dívidas.

Paixão de infância
Aos onze anos já era ajudante de cozinha numa pensão de Lisboa, mas conta que as suas memórias com tachos e panelas são ainda mais antigas. Desde que se conhece por gente. Além da sua passagem por várias restaurantes, em Portugal e no Brasil, cozinhou para personalidades como Bono Vox, Amália Rodrigues, Ronald Reagan, entre outros.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend