Restaurante O Mattos: rendição na capital [crítica]

Nas mãos de Carlos Ferreira, em Lisboa, O Mattos é o prolongamento feliz da mesa de muitos lares lisboetas. O mar, a grelha, produto de primeira, vinhos a condizer e a intimidade imediata.

Os restaurantes de bairro de Lisboa envelheceram juntamente com os seus clientes habituais, do tempo em que era só descer para jantar. Os anos 1970 viram abrir na capital muitos restaurantes, tanto pelos que regressaram das ex-colónias como pelos que no período pós-revolução decidiram abrir casas com os produtos e receitas das suas terras.
Nas lojas dos prédios foram vários os que abriram cafés e vendas de frangos para fora, criando uma simbiose confortável entre levar para comer em casa e sentir-se em casa no momento da refeição. Ainda temos vários restaurantes na capital onde nada mudou, nem sequer o mobiliário, e sentimo-nos nostálgicos.

Carlos Ferreira tomou conta de O Mattos, ali mesmo ao lado do Teatro Maria Matos, em dezembro de 1998, transformando uma dessas casas de outros tempos num lugar onde a tradição passou a ter cunho cosmopolita, continuando contudo a acolher tanto os residentes como os de sempre.

As especialidades são mesmo os pratos com mais saída. Mas é pena não fazer paragem protocolar nalgumas entradas. Caso dos peixinhos da horta (3,50 euros), canónicos, coelho de vinagrete (5 euros), sem excessos ácidos, e a salada de polvo (6 euros), cozedura e corte impecáveis. Nos pratos principais, as lulas à Mattos (17 euros) configuram perdição, a tenrura e a gula a tomar conta de nós. Sabe bem aqui uma cabeça de garoupa grelhada (35 euros), mas sozinho é empreitada impossível, há que partilhar, assessoria vínica garantida. Especialidade, as costeletas de borrego (18 euros) ficam na memória a ponto de fazer voltar em breve, só por elas. O bife especial maturado (25 euros), raça rubia galega, é de antologia e pede vagar. Dêmos-lhe isso e deixemo-nos ficar tasquinhando.

Há cabrito da serra grelhado (19 euros), daquele feliz que nos dá tanta felicidade e o porco ibérico conhece no Mattos declinações sápidas e viciantes. A presa (18 euros) é das peças mais distintivas do nómada porco, o surf & turf que é a espetada de lombinhos com gambas (18 euros) sai suculento da grelha e é sempre seguro pedir o que aqui dá pelo nome de secretos do lombo (18 euros). No bovino também ninguém se perde. Belo bife da vazia (14 euros), a pedir mais e mais batatas fritas maravilhosas, já agora, tentação a posta maronesa (20 euros), a que cedemos sem complexos de culpa.

Não se deixe vencer pela impressão de que na primeira vez todos são mais importantes, pela atenção e carinho que o pessoal lhes dispensa. O serviço aqui é primoroso e o que está acontecer é apenas deixá-lo estar sossegado, a ambientar-se. Quando partir, já sai íntimo da casa. Simples e bom, como se deseja.

 

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 5
A comida: 4,5

 

A refeição ideal
Presunto ibérico (10 euros)
Peixinhos da horta (3,50 euros)
Pimentos de Padrón (5 euros)
Lulas à Mattos (17 euros)
Costeletas de borrego (18 euros)

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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