Crítica: Jockey, um restaurante de rédea solta em plena capital

Passa-se na segunda circular pelo hipódromo do Campo Grande e apetece sempre fazer o desvio para parar um bocado. Pequeno paraíso que muito poucos conhecem. Muito poucos também imaginam o restaurante que alberga, o Jockey, lugar de tertúlia equídea e não só.

Cavalgar com garbo e nobreza é o que de pequeno se aprende na difícil disciplina da equitação. Leva-nos um dos mais possantes e inteligentes animais, que se oferece aos nossos mandos e desmandos e havendo bom entendimento raramente nos deixa cair. O espaço lisboeta em que nos encontramos é único no mundo, produz a sensação das grandes extensões verdejantes ao mesmo tempo que nos faz sentir como em casa. Sentimentos antagónicos dir-se-ia, mas de que só pode falar quem tem paixão e experiência de transpor a dois os mais diversos obstáculos e adversidades.

O hipódromo do Campo Grande continua gloriosamente instalado em terrenos de enorme valor patrimonial e continua a dar as boas vindas a praticantes de todas as idades. Outrora reservados a sócios da Sociedade Hípica Portuguesa, os espaços sociais que existem dentro do complexo têm encontrado o seu público. Sofisticado, amante da boa mesa e do tema equino, tem encontrado no restaurante Jockey muito do que procurava. O restaurante passou por várias fases e sempre teve picos de clientela aos fins de semana e em dias de prova, contrastando com os dias de muito poucos clientes nos dias úteis, fora dos períodos de competição.

Rafael Afonso é o primeiro a encontrar a sintonia entre este espaço fortemente temático e os passantes ocasionais. Em sintonia com a administração do complexo, fez crescer um verdadeiro destino gourmet nesta extrema de Lisboa, onde até há pouco só se passava, não se parava. Com o chef Vítor Silveira aos comandos dos fogões, o cardápio desenvolveu-se em três frentes. Os pratos do dia oferecem quase uma rosa dos ventos de possibilidades e opções, nenhum dia é igual ao anterior. Obrigatório destacar pela excelência e originalidade as sextas, em que é servido o conseguido naco do lombo Wellington (16,45 euros), uma surpresa em massa folhada e paté de cogumelos evocativa da grande receita clássica. Imperdíveis o bacalhau cozido com grão (15,45 euros) das segundas, e o rosbife de vitela com salada russa (16,15 euros).

À carta a escolha é vasta e presta-se à exploração gulosa. Amêijoas à Bulhão Pato (17,15 euros) como manda a regra e gambas Martini (12,45 euros) satisfazem bem, criando caminho seguro para a broa de bacalhau à Jockey (17 euros) quando apetece o fiel amigo, ou uma cataplana de frutos do mar quando a toada é de frescura marítima. Bifes para todos os gostos, é quase tema e emblema da casa a carne e a assessoria de acompanhamentos felizes. Bem o bife do lombo com molho diablo (19,1 euros), clássico o bife à café (19,1 euros) e muito especial o naco na tábua com molho bearnaise (21,15 euros). Tudo feito e orientado para a experiência da grande cozinha portuguesa, com o toque inefável da elegância que só o tema da casa proporciona. A toda a sela.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 3,5
A comida: 4

A refeição ideal
Amêijoas à Bulhão Pato (17,15 euros)
Broa de bacalhau à Jockey (17 euros)
Magret de pato (16,7 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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