Presunto e outras tradições em conta nas mesas do “Xico”

Francisco, Helena e Ana Filipa, a famíla do "Xico dos Presuntos" (Fotografia de André Rolo/GI)
Está quase a fazer 30 anos que a Casa de Presuntos “O Xico”, conhecida como Chico dos Presuntos, alimenta, com as suas generosas sandes, os muitos clientes que por lá passam. Ao almoço, há sempre um prato do dia tradicional.

Pouco passa das 10 horas e o Xico do Presuntos já tem a casa composta. Na meia dúzia de mesas e ao balcão, come-se sandes e bebe-se um copo. Mas é à hora do almoço e durante a tarde que a casa enche. Os clientes são atraídos pelos muitos petiscos que saem do fogão de dois bicos gerido pela D. Helena.

Na mesma família há 30 anos – o aniversário assinala-se no próximo dia 1 de janeiro – a petisqueira é um espaço tradicional bem conhecido pelos apreciadores de espaços à moda antiga, daqueles que já vão rareando na cidade.

“A casa original é de 1938”, lembra o proprietário Francisco Braga, que serve ao balcão, fazendo parelha com a filha Ana Filipa. Conta ele que, primeiro, chamou-se Casa Rangel e depois Paiva, até que, em 1993, ficou ele com o negócio. “Já tinha uma tasquinha em Rio Tinto, mas não era minha, estava só a explorar. Depois, tentei comprar mas não conseguimos fechar negócio. Então, apareceu esta e como vivo aqui na rua e já conhecia a casa, fiquei”, recorda.

O gosto de servir ao balcão vinha de há muitos anos. Francisco começou a trabalhar aos nove numa mercearia, como marçano, e assim se afeiçoou ao balcão. “Também gostava muito de beber o meu copinho. Parava sempre em tasquinhas”, por isso esse universo não lhe era estranho. D. Helena também já estava habituada a servir, tendo trabalhado vários anos em padarias da Padouro.

Quando pegaram na casa e lhe mudaram o nome para Xico, quiseram também alterar a oferta. “Antes, os clientes vinham cá mais para beber. Quando ficámos com isto, decidi ter mais variedade de comida, pois antes só tinham bucho e vendiam poucas sandes. Até me disseram que não valia a pena, que não se ia vender”, lembra Helena, que respondeu perentoriamente “só não se vende o que não há”.

Xico dos Presuntos, no Bonfim. (Fotografia de André Rolo/GI)

Por isso, agora não falta diversidade e tudo vende bem. Ao almoço, há sempre um prato do dia. Quando a “Evasões” esteve lá, iam servir esparguete com carne estufada. Mas varia diariamente. Pode ser arroz de polvo, rancho, feijoada à transmontana, entre outros. Ao sábado, cozinham-se tripas à moda do Porto, que são servidas o dia inteiro a partir da hora do almoço. Na verdade, admite Francisco, “nós somos fortes nos lanches. Temos muita coisa: bucho cozido com molho verde, polvo, rojões, fígado de cebolada, as famosas iscas de bacalhau, panados, bacalhau frito ou papas de sarrabulho”, estas, quase todos os dias.

Mas o que tornou a casa famosa foram mesmo as sandes de presunto. “Gostamos de servir uma boa sandes”, afirma. E quando diz “boa”, não é só pela muito generosa quantidade de presunto que preenche o pão, mas também pela qualidade da carne, presunto beirão de Castelo Branco. As sandes de salpicão também têm muita saída. O queijo que utilizam é apenas de ovelha. Para beber, há vinho Espadal – só à garrafa -, copos de verde branco e tintos.

O presunto é cortado, fininho, numa máquina de fatiar. E grande parte das horas de serviço são passadas nessa função. “Tem ideia de quantas sandes serve por dia?” – “Não!”, responde Francisco a rir, enquanto corta mais uma mão cheia de presunto. Com tanta e boa clientela, não é de admirar que não esteja para fazer contas.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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